Estudo brasileiro testará cannabis em profissionais de saúde envolvidos no combate ao coronavírus

A pesquisa recrutará 300 voluntários de todo o país, entre médicos e enfermeiros que estão na linha de frente do combate à pandemia
Carolina Fonsêca
Publicado em 30/06/2020 às 18:51
O medicamento feito à base de maconha será produzidos pela Associação Brasileira de Apoio a Cannabis Esperança (ABRACE), uma associação de pacientes sediada em João Pessoa, na Paraíba. Foto: Foto: herbalhemp / Pixabay


Um estudo aprovado na última segunda-feira (29) vai avaliar os efeitos da cannabis no tratamento de transtornos do humor. A pesquisa, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEPSH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), será a maior e mais abrangente dentro deste tema já feita em pelo Brasil em seres humanos, segundo a revista Veja. O projeto vai recrutar 300 voluntários de todo o país entre médicos e enfermeiros envolvidos no atendimento de casos suspeitos e confirmados de infecção pelo novo coronavírus.

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O recrutamento dos voluntários será feito durante o mês de julho e os testes terão início em agosto.

Intitulada "Impacto do óleo integral de Cannabis na saúde mental de profissionais da linha de frente do combate a COVID-19". A pesquisa seguirá os protocolos mais rigorosos para esse tipo de investigação: randomizada, duplo cego e controlada por placebo. Dessa forma, nem os médicos e nem os pacientes saberão quais dos voluntários vão tomar o medicamento e quais receberão uma substância inócua, ou seja, sem efeito. Este método tem grau de confiança de 95%, assegurando a máxima confiabilidade e isenção aos resultados.

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"Os efeitos ansiolíticos da cannabis são reconhecidos e bem documentados entre os especialistas da área e agora poderemos extrapolar esse universo. Com o estudo, esperamos sanar algumas dúvidas científicas ao aprofundar o conhecimento sobre os mecanismos moleculares e bioquímicos que fazem da cannabis uma opção eficaz e segura no tratamento dos transtornos de humor, principalmente ansiedade e estresse”, afirmou Erik Amazonas de Almeida, professor doutor e pesquisador responsável pela iniciativa.

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A expectativa dos organizadores é de receber cerca de mil inscrições para as 300 vagas que serão preenchidas de acordo com critérios técnicos, sanitários e estatísticos e que também levarão em conta o histórico de saúde do paciente, o seu perfil sociodemográfico e seu grau de envolvimento no combate à pandemia, além de outros critérios.

O medicamento feito à base de maconha será produzidos pela Associação Brasileira de Apoio a Cannabis Esperança (ABRACE), uma associação de pacientes sediada em João Pessoa, na Paraíba. O cadastramento e a seleção dos voluntários, também de responsabilidade da ABRACE, será feita por meio deste link.

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Durante o estudo clínico, os pacientes vão receber doses do óleo integral de cannabis, com concentração de 100mg/ml de canabidiol (CBD) e baixos índices de THC, a substância psicoativa da erva. “Esses médicos e enfermeiros têm reportado esgotamento não apenas físico, mas também psicológico. Eles precisam estar em pleno gozo de sua saúde mental”, afirmou o pesquisador ao blog Cannabiz da Veja. 

Mulheres grávidas, lactantes e pessoas com condições psiquiátricas pré-existentes, excluindo as que serão objeto da investigação, não serão aceitas pela pesquisa. Os candidatos preencherão o formulário da ABRACE para que os pesquisadores possam identificar o grau de estresse autodeclarado de cada um deles. Em seguida, serão submetidos ao tratamento e passarão por avaliação regular da equipe responsável, em consultas por telemedicina, e com base nas respostas a um questionário autoadministrado, formulado com a versão brasileira da escala de estresse percebido (BPSS10), validado pela Sociedade Brasileira de Psicologia.

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