Com aumento no número de sepultamentos em Manaus, no Amazonas, a prefeitura da cidade instalou duas câmaras frigoríficas no cemitério público Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã. A medida é para manter conservados os corpos dos pacientes que morrerem nos horários em que os cemitérios estão fechados.
>> Com hospitais lotados e falta de oxigênio em Manaus, Amazonas anuncia toque de recolher
>> Com falta de oxigênio na cidade, Manaus transfere pacientes para outras capitais
>> Estima-se que até 750 pacientes tenham que deixar Manaus por causa da falta de oxigênio
Segundo a Prefeitura de Manaus, cada câmara tem capacidade para armazenar até 60 caixõese começarão a ser utilizadas nestaquinta-feira (14).
O número de sepultamentos em Manaus quintuplicou em um mês, segundo dados divulgados pela prefeitura. Na quarta-feira, 198 enterros ocorreram na capital, dos quais 87 tinham confirmação para covid-19 e sete eram de casos suspeitos. Em 13 de dezembro foram 36 óbitos, seis com resultado positivo para o vírus. Isto representa um aumento de 450%.
- Vacina contra covid-19: Pernambuco começa a distribuir mais de 1,5 milhão de seringas aos municípios
- Covid-19: Samu Recife envia mais de 6,5 mil ambulâncias para atendimento de casos graves em 2020
- "É precoce dizer que teremos vacina na semana que vem em todos os estados", afirma ex-coordenadora do PNI
- Prefeitos afirmam que Pazuello apontou 20 de janeiro como data de início da vacinação contra covid
Os equipamentos instalados irão prestar suporte ao serviço SOS Funeral, da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc). O SOS Funeral é um serviço que oferece gratuitamente cortejo, remoção, translado fúnebre, doação de urna funerária, isenção da taxa do sepultamento e o atendimento psicossocial às famílias no perfil de vulnerabilidade social e econômica, que não podem arcar com os custos nos casos de mortes ocorridas.
Asecretária da Semasc, Jane Mara Moraes, afirmou que “o secretário Sabá Reis e eu acompanhamos a instalação dessas câmaras e esse serviço será fundamental para melhorar nosso atendimento, evitando qualquer transtorno e prejuízo relacionados ao não reconhecimento”.
A Semasc informou que vai instalar, no cemitério Nossa Senhora Aparecida, um micro-ônibus, que permanecerá no local 24 horas e atenderá as demandas do serviço.
Toque de recolher
O estado do Amazonas anunciou nesta quinta-feira a imposição de toque de recolher devido ao colapso de seu sistema de saúde causado pela pandemia de covid-19, que deixou hospitais sem oxigênio.
Na capital, Manaus, "acabou o oxigênio e algumas unidades de saúde viraram uma espécie de câmaras de asfixia", informou à AFP Jessem Orellana, da Fundação Fiocruz-Amazônia, uma instituição de pesquisa.
"Estamos no momento mais crítico da pandemia", disse o governador do Amazonas, Wilson Lima.
A Amazônia "produz quantidades significativas de oxigênio, mas hoje nosso povo precisa de oxigênio e solidariedade", afirmou, acrescentando que vários pacientes serão transferidos para outros estados.
Cerca de 400 cilindros de oxigênio foram entregues por militares nos últimos cinco dias para atender à demanda.
O toque de recolher será aplicado a partir de sexta-feira, das 19h às 06h.
O Brasil enfrenta o agravamento da pandemia, que já deixou mais de 205 mil mortos, um balanço superado apenas pelos Estados Unidos.
A média nacional de óbitos é de 98 por 100.000 habitantes, mas no estado do Amazonas chega a 142/100.000. Apenas Rio de Janeiro (158) e Brasília (145) o superam.
O Brasil se prepara para iniciar sua campanha de vacinação contra a covid-19 provavelmente a partir deste mês.
"Aqui não tem leito vazio, nem oxigênio, nada, a gente tá só na fé", disse Luiza Castro, moradora da capital amazonense.
Imagens nas redes sociais mostram pessoas carregando tanques de oxigênio para hospitais e pacientes reclamando da falta de assistência médica.
Segundo dados do município, a cidade registrou o quarto recorde diário consecutivo de enterros: 198 pessoas foram sepultadas na quarta-feira, sendo 87 por covid-19.