O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (12) que assinou um contrato que garante a compra de 10 milhões de doses da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo instituto russo Gamaleya. No Brasil, os desenvolvedores da vacina firmaram parceria com a União Química para a produção do imunizante. No entanto, a vacina ainda não foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no País.
Um cronograma de recebimento das doses também foi apresentado pelo órgão, que anunciou esperar 400 mil doses até o final de abril. Mais 2 milhões de doses deverão ser recebidas até o final de maio, enquanto as 7,6 milhões restantes deverão chegar no Brasil em junho. Durante as próximas semanas, o Ministério da Saúde deverá avaliar a possibilidade de que produção do imunizante seja 100% nacional.
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"Agora, para que possamos efetivamente aplicar a Sputnik V em nossa população e realizar os pagamentos após cada entrega de doses dessa vacina, só necessitamos que a União Química providencie com a Anvisa, o quanto antes, a autorização para uso emergencial e temporário", ressaltou o Ministério da Saúde em nota.
Nesta sexta, o gerente-geral de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, afirmou que, apesar de o órgão regulador não ter recebido respostas às exigências sobre a vacina Sputnik V, a Agência segue aberta para discussão com a empresa responsável, a União Química, para a avaliação de uso do imunizante.
Acordo com governadores do Nordeste
Paralelamente, o Consórcio Nordeste, que reúne os nove estados da região, também anunciou acordo para aquisição de 39,6 milhões de doses da Sputnik. Nessa quinta-feira (11), o governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), informou que a assinatura do contrato de compra estava marcada para esta sexta-feira (12).
A negociação entre o Consórcio Nordeste e o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês) teve início no ano passado, sob a condução do governador da Bahia, Rui Costa (PT), e foi viabilizada com a sanção por parte do governo federal do Projeto de Lei (PL) 534/2021, que autoriza estados, municípios e o setor privado a comprarem vacinas contra a covid-19 com registro ou autorização temporária de uso no Brasil.
Eficácia
A vacina russa Sputnik V tem eficácia de 91,6% contra a covid-19 em suas manifestações sintomáticas. A Sputnik V ficaria, assim, entre as vacinas mais eficazes, próxima dos imunizantes da Pfizer/BioNTech e da Moderna (quase 95% de eficácia). Os resultados publicados na revista The Lancet procedem da última fase dos testes clínicos, a 3, que reuniu quase 20.000 voluntários.
Como acontece nestes casos, os resultados foram apresentados pela equipe que elaborou a vacina e conduziu os testes, antes de serem submetidos a outros cientistas independentes. Os dados mostram que a Sputnik V reduz em 91,6% o risco de desenvolver sintomas de covid-19.
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Os participantes no teste realizado entre setembro e novembro receberam duas doses, ou um placebo, com três semanas de intervalo. No total, 16 voluntários dos 14.900 que receberam a vacina foram diagnosticados como casos positivos de covid-19, ou seja, 0,1%, contra 62 dos 4.900 que receberam um placebo (1,3%).