O Instituto Butantan pedirá autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta sexta-feira (26) para começar os testes de uma nova vacina contra a covid-19 em humanos. O "Butanvac" é um imunizante que foi desenvolvido pelo próprio órgão, que hoje é o produtor brasileiro da "Coronavac", criada pela farmacêutica chinesa Sinovac. As informações são da Folha de S. Paulo.
O pedido de autorização se refere às fases 1 e 2 de testes da vacina, nos quais serão avaliadas segurança e capacidade de promover resposta imune com 1.800 voluntários. A eficácia é estipulada durante a fase 3, que contará com até 9 mil pessoas.
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A Butanvac já passou pelos testes pré-clínicos, nos quais são avaliados em animais efeitos positivos e toxicidade. O imunizante também será testado nos dois outros países participantes do consórcio, Vietnã e Tailândia - neste último, a fase 1 já começou.
O diretor do Butantan, Dimas Covas, estima que todos os testes da vacina serão encerrados e 40 milhões de doses estarão prontas antes do fim do ano. “É uma segunda geração de vacina contra a covid-19, pode haver uma análise mais rápida”, afirmou, à Folha.
Dimas acredita que o desenvolvimento da vacina será acelerado porque ela utiliza uma tecnologia já presente no próprio Butantan para fabricar a vacina anual contra a gripe comum. Será utilizado o vírus inativado de uma gripe aviária, chamada doença de Newcastle, como vetor para transportar para o corpo do paciente a proteína S (de spike, espícula) integral do Sars-CoV-2.
Segundo a Folha, a proteína é responsável pela ligação entre o vírus e as células humanas, e ao ser inserida sozinha no corpo estimula a imunidade. Covas explicou que ela já utilizará a proteína da variante amazônica, a P.1, mais transmissível e possivelmente mais letal.
Em vídeo divulgado para a imprensa na noite de quinta-feira, 25, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ao lado do diretor do Instituto, Dimas Covas, convocou uma coletiva para as 8 horas desta sexta para dar uma "notícia espetacular, que nos enche de esperança em relação à saúde, à ciência e à vida dos brasileiros". Sem adiantar a novidade da criação do imunizante, Doria afirmou que a anúncio é fruto do trabalho dos cientistas do Butantan ao longo de vários meses.
"Amanhã (hoje, sexta) mais um anúncio de uma grande contribuição que vai fazer a diferença no curso dessa epidemia aqui no nosso País e vai ajudar a combater essa epidemia no mundo também", complementou Covas.
No Brasil, há pelo menos outros sete estudos de imunizantes, todos na fase anterior aos ensaios clínicos. As vacinas que foram desenvolvidas mais rapidamente contra o novo coronavírus no mundo demoraram menos de seis meses para completar suas fases 1 e 2.
A pandemia já matou mais de 300 mil brasileiros e a imunização anda a passos lentos no País. Balanço da vacinação aponta que 14.074.577 pessoas já receberam a primeira dose. O número representa 6,65% da população brasileira.