As enchentes provocadas pelas fortes chuvas na Bahia aumentaram o total de mortos para 20 no estado, enquanto a crise continuou agravando-se nesta segunda-feira (27), com quase 63 mil desalojados em 100 municípios em estado de emergência, informaram as autoridades.
Infelizmente, estamos vivendo o maior desastre já ocorrido na história da Bahia", declarou nesta segunda-feira o governador da Bahia, Rui Costa, que supervisiona nas áreas atingidas a operação conjunta colocada em prática no sábado com o governo federal e outros estados.
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As cenas dramáticas de casas debaixo d'água e ruas que se tornaram verdadeiros rios se repetiam em municípios localizados no sul do estado, atingidos desde quinta-feira por fortes precipitações que provocaram rupturas de barragens e fizeram rios transbordarem no fim de semana.
Os últimos números de de desalojados no estado quase duplicou no balanço de domingo: 62.796 pessoas tiveram que deixar suas casas, mais da metade das quais precisam de abrigo, segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec).
Além das cerca de vinte mortes desde o início de novembro por causa das chuvas no estado, foram registrados até agora 358 feridos.
Estima-se que um total de 471.009 foram afetadas pelo maior volume de chuva produzido pelo fenômeno climático 'La Niña', o que se soma a precipitações excepcionais em um curto espaço de tempo, segundo especialistas.
O número de municípios afetados subiu para 116, com pelo menos 100 em situação preocupante, o dobro do registrado no domingo, informou a Sudec.
A cidade de Itabuna, onde foram registradas as últimas duas mortes, sofreu com o transborde do rio Cachoeira. Um dos falecidos, um jovem de 21 anos, foi arrastado pela correnteza; a outra, uma mulher de 33 anos, faleceu vítima de um deslizamento de terra, segundo o último relatório do governo estatal, nesta segunda-feira à tarde.
"A água na cabeceira do rio Cachoeira está começando a baixar, então, mesmo que lentamente, a expectativa é de melhora nos próximos dias", afirmou o governador Rui Costa, numa tentativa de trazer esperança à região.
"Favorável ao desastre"
Estael Sias, meteorologista da MetSul, avaliou que "há uma correlação" entre a intensidade das chuvas no nordeste do país e o fenômeno La Niña, que provoca precipitações em níveis acima do normal.
O agravante é que o temporal dos últimos dias se juntou às chuvas que assolaram a região há algumas semanas.
"Havia um cenário favorável ao desastre", disse Sias. Já havia chovido muito em novembro na Bahia e agora volta a chover em uma área que ainda não se recuperou daquele excesso de precipitação", explicou.
Nas últimas horas, alguns municípios receberam um volume de água equivalente a todo um mês.
A capital Salvador, por exemplo, quintuplicava até sexta-feira sua média histórica de 58 mm para dezembro, de acordo com a Defesa Civil da cidade.