Começa a valer neste sábado (9) o reforço na fiscalização de quatro trechos do litoral pernambucano, na tentativa de evitar incidentes envolvendo tubarões e banhistas/surfistas. Com a mudança, anunciada pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarão (Cemit) após os recentes ataques de tubarão na orla de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, a presença dos bombeiros será estendida por mais uma hora aos sábados, domingos e segundas-feiras em três pontos de Boa Viagem (Segundo Jardim, Acaiaca e Castelinho), na Zona Sul da capital, e nas imediações da Igrejinha de Piedade, onde os dois últimos casos aconteceram.
Antes da decisão do Cemit, anunciada na terça-feira, os bombeiros atuavam de 7h às 17h; agora, trabalharão até as 18h. De acordo com o presidente do comitê, coronel Leodilson Bastos, as quatro localidades foram escolhidas por concentrarem 27 das 65 ocorrências registradas em Pernambuco desde 1992, quando os casos começaram a ser contabilizados. Somente na Igrejinha de Piedade, 12 pessoas acabaram vítimas de ataque de tubarão. Os dois últimos casos aconteceram em um intervalo de menos de dois meses. No último domingo, José Ernesto Ferreira da Silva, 18 anos, foi atacado na perna e na área da genitália. O jovem faleceu no dia seguinte. Em abril, Pablo Diego Inácio de Melo, 34, também foi vítima de incidente no mesmo trecho da praia. O potiguar sobreviveu, mas perdeu uma mão e uma perna.
Um reforço no número de homens também deve chegar às praias a partir de segunda-feira, quando acontece a formatura de 268 novos bombeiros, no Centro de Convenções, em Olinda, Grande Recife. Hoje, de acordo com os Bombeiros Militares, 60 profissionais atuam aos domingos, quando o fluxo de pessoas é maior e, historicamente, acontecem mais incidentes.
“Acredito que essas medidas possam ajudar, mas ainda é muito pouco comparado ao que precisa ser feito. Vamos entrar na próxima semana com ação civil pública para cobrar outras questões, como educação ambiental nas escolas e comunidades, proteção das praias com telas, compra de equipamentos como jet skis e barcos para os bombeiros, além de sinalização de áreas de risco com boias e bandeiras”, declarou Ricardo Coelho, promotor de Meio Ambiente da Capital do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Segundo ele, aproximadamente 80 dos novos bombeiros serão designados para o Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar), o que estaria longe do ideal. Procurado, o Corpo de Bombeiros não informou quantos profissionais serão direcionados para as praias.
A interdição de trechos da orla pernambucana também esteve na pauta do encontro do início da semana. Para o promotor de meio ambiente, a alternativa poderia ser implantada nos locais de maior risco, em certas circunstâncias. “Poderia haver uma interdição temporária em momentos de maré cheia, correnteza forte e água turva, por exemplo. Lembrando que os bombeiros têm poder de polícia para proibir e retirar pessoas da água”, destacou Ricardo Coelho.
“Essa ideia divide os técnicos e, pelo impacto econômico e social, não pode ser adotada sem maturidade. Neste momento, fazemos a opção de menor impacto, mantendo o lazer e as atividades na faixa de areia e fortalecendo nosso trabalho de prevenção e fiscalização”, afirmou o presidente do Cemit.