O aparecimento de manchas de óleo nas praias de Pernambuco não está completamente controlado. Apesar de a maior parte do material ter sido removida, ainda há registros da substância em praias do Litoral Sul. Além disso, as consequências deste desastre ambiental já estão sendo sentidas. Neste domingo (27), a reportagem do Jornal do Commercio esteve nas praias de Tamandaré e registrou a presença da substância nos corais da praia dos Carneiros, ainda na areia, em maior quantidade, em Boca da Barra e na foz do Rio Mamucabas.
Nos Carneiros, dois funcionários de um hotel faziam limpeza nas pedras, mas não havia ninguém da prefeitura ou do governo trabalhando neste sentido. Havia, porém, 12 técnicos do Centro de Defesa Ambiental da Petrobras, que estão na praia desde o dia 19, fazendo monitoramento e recolhendo resíduos, especialmente quando a maré baixa.
Em Boca da Barra, há uma base de apoio com a presença da Marinha, Exército, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Ibama. Eles se concentram no trabalho de retirada do óleo que ainda está na foz do Rio Mamucabas.
Pescar produtos como marisquinho, ostra e sururu nas áreas atingidas não é possível. “Nunca vi tanto óleo como teve aqui na praias dos Carneiros. Na Boca da Barra ainda estão tirando óleo de lá. Afetou o meu trabalho. A gente não está podendo tirar marisquinho. Vejo na televisão dizendo que a gente não podia consumir o marisquinho, a ostra, o sururu…”, contou a marisqueira Maria de Fátima de Melo, 60 anos, que trabalha na praia dos Carneiros.
“Perdi vendas porque não tem condições de trabalhar se a gente não tem a certeza de que o produto está ou não contaminado. A gente tem que ter a certeza para poder começar a trabalhar”, completou a marisqueira.
No mar e na areia não se encontra mais óleo. Já nos corais a substância segue impregnada. Entrar na água depois da limpeza não parece tão difícil, mas consumir frutos do mar ainda deixa turistas receosos. “Chegamos ontem, fomos à praia em Tamandaré e não chegamos a ver nada de óleo, mas aqui, na praia dos Carneiros, nos corais, encontramos muitas pedras manchadas. Não fiquei com medo de tomar banho de mar, mas para comer peixe ou algum fruto do mar, pelo menos eu, fiquei receoso. Estou na dúvida ainda”, contou Marcelo Chaves, servidor público que tem casa de veraneio em Tamandaré.
Durante os fins de semana, o condomínio onde fica a casa de Marcelo costuma estar lotado. Depois do desastre ambiental, a movimentação diminuiu. “Acho que já está tendo impacto. Isso aqui era para estar bem mais cheio...tem pouquíssima gente no condomínio. Tem turista que está deixando de vir e quem tem casa aqui também está deixando de vir, provavelmente por isso”, acrescentou Marcelo.