Famílias ameaçam invadir habitacionais inacabados no Recife

Os apartamentos tiveram as obras iniciadas em 2009 e 2010. São destinados a moradores das margens do Rio Capibaribe nos Coelhos e no bairro de São José
Da Editoria Cidades
Publicado em 21/02/2015 às 8:08
Os apartamentos tiveram as obras iniciadas em 2009 e 2010. São destinados a moradores das margens do Rio Capibaribe nos Coelhos e no bairro de São José Foto: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Moradores dos Coelhos e do bairro de São José, no Centro do Recife, que aguardam desde 2006 as moradias prometidas pela prefeitura ameaçam ocupar os conjuntos habitacionais inacabados na Praça Sérgio Loreto, Travessa do Gusmão e Ilha Joana Bezerra, todos na mesma região. “Vamos invadir os prédios e terminar a obra. Aos poucos a gente vai rebocando as paredes, fazendo o piso e botando energia”, avisam Marivalda Maria da Silva, Maria José da Silva e Maria Diva da Silva.

Segundo elas, a única maneira de a prefeitura evitar a ocupação é fazer a entrega formal dos apartamentos nas próximas semanas ou aumentar o valor do auxílio-aluguel, verba mensal repassada pelo município às famílias que perderam imóveis em desastres. “Minha casa foi destruída num incêndio seis anos atrás, nos Coelhos. Recebo R$ 200 de auxílio, mas o pagamento é sempre com atraso. E já soube que não terei direito a apartamento nos habitacionais”, diz Marivalda.

Representantes da Vila Brasil, no bairro de São José, Maria Diva e Maria José disseram que a obra do conjunto residencial que receberá a comunidade, na Ilha Joana Bezerra, continua paralisada. “A gente aqui passando necessidade, no meio de esgoto, lama e rato, pagando aluguel e nada é resolvido pela prefeitura”, destacam. São as mesmas queixas de Cícera da Silva, que vive numa palafita caindo aos pedaços, nos Coelhos, e espera a transferência para o habitacional da Praça Sérgio Loreto, no vizinho bairro de São José.

“Prometeram entregar os apartamentos em dezembro de 2011, de 2013 e de 2014. Agora, adiaram novamente. Se o prédio tivesse com energia, eu preferia ir logo para lá. Mesmo inacabado, seria melhor do que ficar aqui. Quando a maré está alta, tenho de sair de casa porque alaga tudo e os ratos saem das tocas”, conta Cícera. “Remarcaram para junho deste ano (2015), ninguém entende o motivo de tanta demora”, completa Rosineide Maria da Silva.

O pintor Henrique Araújo da Silva e o ajudante de pedreiro Ademilton Gomes de Oliveira aguardam transferência para o conjunto da Praça Sérgio Loreto e criticam a demora na execução da obra. “Queremos falar com o secretário de Habitação. Não adianta marcar reunião e mandar pessoas que não têm poder de decisão. É só promessa e as famílias se iludindo e criando esperanças. O secretário precisa dizer, de verdade, quando será a mudança para os apartamentos”, reforçam.

Os habitacionais são construídos numa parceria entre a Prefeitura do Recife e o governo federal. A obra foi anunciada em 2006, mas só começou em 2009, na Praça Sérgio Loreto (260 unidades em 7 blocos para as famílias dos Coelhos). O residencial Vila Brasil (448 unidades em 14 blocos), na Ilha Joana Bezerra, e os prédios da Travessa do Gusmão (124 apartamentos em cinco blocos para moradores dos Coelhos) tiveram início em 2010.

Procurada às 9h45 de sexta-feira (20), a prefeitura não indicou nenhum técnico para falar. Limitou-se a enviar uma nota pela assessoria de imprensa da Secretaria de Habitação, às 17h10, dizendo que as obras do conjunto da Praça Sérgio Loreto e da Ilha Joana Bezerra foram interrompidas no fim de 2014, para negociações de novos ajustes contratuais. Informa, também, que a secretaria espera resolver as pendências o mais rápido possível para retomar o serviço no primeiro semestre deste ano.

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