A Polícia Civil investiga as causas da morte do ambulante Wellington José Ferreira de Souza, 58 anos, encontrado sem vida dentro de seu apartamento no 14º andar do Edifício Holiday, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. O corpo da vítima, que já estava em estado de decomposição, foi localizado na tarde da quarta-feira (23) por moradores do prédio. O homem tinha sido visto pela última vez no domingo (20), voltando da Parada da Diversidade.
O odor que vinha da residência onde o ambulante morava há aproximadamente 20 anos chamou a atenção dos vizinhos, que acionaram a polícia. A porta do apartamento de número 1405 estava aberta, mas a polícia precisou arrombar a grade de entrada para ter acesso ao interior do imóvel.
Wellington foi encontrado deitado de bruços no chão da sala . Ele estava vestido e, segundo informou a polícia, havia muito sangue no local. Também foram encontrados muitos medicamentos de uso controlado, de acordo com as autoridades.
O caso foi registrado pelo delegado Alfredo Jorge, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo o investigador, não havia sinais de arrombamento e nada teria sido levado do local. A carteira com dinheiro e o celular da vítima estavam no cômodo onde o corpo foi encontrado. “A vítima não tinha nenhum tipo de lesão aparente. Somente o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) é que vai poder dizer se ela sofreu algum tipo de violência”, afirmou o delegado.
Ainda segundo Alfredo Jorge, a hipótese de morte natural ou suicídio não está descartada pela polícia. O apartamento do ambulante foi analisado por peritos do Instituto de Criminalística (IC). O laudo técnico deve ficar pronto em um prazo de 30 dias.
Vizinhos que preferiram não se identificar informaram que o ambulante era uma pessoa reservada e que se dava bem com todos os moradores do edifício. “Ele era um bom vizinho, uma pessoa muito discreta. Nunca o vimos envolvido com nada errado. Estamos perplexos”, declarou uma moradora.
A ocorrência foi registrada como morte a esclarecer. O caso será investigado pelo delegado de homicídios Paulo Furtado.
EDIFÍCIO HOLIDAY - Há 12 dias o Jornal do Commercio publicava em seu suplemento semanal JC Mais uma matéria traçando o perfil plural do Edifício Holiday. Com cerca de três mil moradores – o equivalente à população de Fernando de Noronha –, a construção carrega um estigma de ambiente de crimes, prostituição e abandono.
Apesar dessa imagem negativa compartilhada pela maioria das pessoas que conhecem o local, todos os moradores entrevistados durante a reportagem relataram que a onda de crimes no endereço já não fazia mais parte de suas rotinas. Antes da ocorrência registrada ontem, a última morte no Holiday aconteceu há mais de três anos, no dia 2 de julho de 2012.
Assim como o ambulante Wellington José Ferreira de Souza, a vítima daquele ano morava só e foi encontrada pelos vizinhos, que suspeitaram da morte por conta do mau cheiro.