Policiais envolvidos em acidente no Morro da Conceição são afastados

Os dois policiais militares envolvidos no acidente que resultou na morte de duas mulheres, no último sábado, no Morro da Conceição, Zona Norte do Recife, foram afastados temporariamente do serviço. Conforme o comandante do 11º Batalhão, onde são lotados, tenente-coronel Ronaldo Tavares, eles estão sob atendimento psicológico e vão passar um tempo trabalhando no setor administrativo. Ontem, Ângela Maria Laurentino de França, 55 anos, foi enterrada no Cemitério de Casa Amarela. O sepultamento de Maria das Dores da Silva, 65, ocorreu no mesmo local, no domingo.

“Já temos as imagens do acidente. Pelo que vimos, os policiais de fato perseguiam um motociclista suspeito de praticar vários assaltos na área e estavam em velocidade compatível com a via. Mas ao passar na segunda lombada ela jogou a traseira do veículo pro alto e ele capotou. Foi uma fatalidade, os policiais também são vítimas”, afirma o comandante. Os militares e mais duas pessoas saíram feridas.

Em entrevista à Rádio Jornal, o presidente da Associação de Cabos e Soldados de Pernambuco (ACS), Albérisson Carlos, informa que a viatura tinha apresentado falhas durante a perseguição, segundo os próprios PMs envolvidos. “Para que vocês tenham ideia, o airbag não foi acionado”, observa. Ele classifica o episódio como “tragédia anunciada” devido às más condições da frota.

O comandante confirma que a viatura teria apresentado uma falha (estava sem força) pela manhã, mas diz que foi vistoriada e depois não apresentou mais nenhum problema. “Tudo será esclarecido na sindicância que abrimos e no inquérito da Polícia Civil”, salienta. Pelo menos três familiares de vítimas já prestaram depoimento na Delegacia de Delitos de Trânsito.

Revolta

Moradores dizem que os policiais estavam em alta velocidade e trafegavam pela contramão (o que é permitido pelo Código de Trânsito em caso de emergência) e com a sirene desligada. Ontem à noite, estava marcada uma reunião no Morro da Conceição para discutir a ocorrência, entre outros temas. O clima é de muita revolta.

Dos feridos, continua internada no Hospital da Restauração (HR) a garçonete Mônica do Nascimento, 44, que teve fratura na bacia e na perna direita. “Ela está sentindo muitas dores, mas disseram que só vão fazer cirurgia na quarta-feira”, lamenta o marido dela, o taxista Wellington José. 

A PM também investiga o sumiço da pistola de um dos militares durante o acidente. No Whatsapp circulam áudios que seriam do motociclista, gabando-se de ter escapado, afirmando que tinha uma pistola ponto 40 e um quilo de crack e acusando os PMs de despreparados. Mas a polícia ainda não confirma a identificação.