Cinco venezuelanos acolhidos no Estado de Pernambuco devido à crise que atinge o país vizinho desde 2015 recebem nesta quinta-feira (23/05) certificado de conclusão do curso de design promovido pela Cáritas Brasileira, Instituto Humanitas da Universidade Católica de Pernambuco e Porto Digital. Os refugiados tiveram aulas durante dois meses e meio, de março a maio, utilizando como ferramenta básica o Autocad, software usado na criação de desenhos.
“É um curso prático para ajudá-los a entrar no mercado de trabalho e ter uma renda”, informa o educador social da Cáritas Brasileira David Ramirez. A solenidade de formatura será às 19h no auditório do Laboratório de Objetos Urbanos Conectados (L.O.U.Co), makerspace do Porto Digital instalado na Rua do Apolo, 235 (1º andar), no Bairro do Recife, Centro da capital pernambucana.
A capacitação foi sugerida pelo designer e professor venezuelano José Inácio Sanchez. “Ele procurou o Instituto Humanitas, levou a proposta e montou toda a programação do curso de forma voluntária”, diz David Ramirez. Além dos refugiados venezuelanos – dois adolescentes, uma mulher e dois homens – também participaram das aulas de capacitação outros quatro pernambucanos, moradores da comunidade do Bode, no Pina, Zona Sul do Recife.
“Eles poderão atuar na área de desenho digital e também estão prontos para criar e vender seus produtos”, afirma David Ramirez. A Cáritas levará para a formatura, na noite desta quinta-feira (23), um grupo de refugiados que chegou ao Recife no início deste mês de maio, para mostrar aos venezuelanos que há possibilidades de trabalho no Estado. “É uma ação motivacional”, explica.
Raysel Guarez, 33 anos, migrou para o Recife há cinco meses e é mãe de Lleffri Rodniel Zambrano, um dos adolescentes formado no curso de design. O jovem, de 14 anos, cursa o 8º ano numa escola no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife. “O curso é importante para o currículo, é um conhecimento a mais para ele e pode ajudar na escolha de uma profissão”, declara Raysel Guarez, que tem mais dois filhos.
Professora do 1º ao 6º grau na Venezuela (equivalente ao ensino fundamental no Brasil), Raysel trabalha como auxiliar de cozinha em um restaurante na Encruzilhada, bairro da Zona Norte do Recife. O marido também conseguiu emprego no mesmo estabelecimento comercial, há um mês. A família morava até ontem (22 de maio) num apartamento alugado pela Cáritas. Nesta quinta-feira (23), farão mudança para um imóvel alugado.
“Nós não tutelamos os refugiados, nossa função é dar as condições para que eles possam ter alguma forma de renda e caminhar sozinhos”, explica Mona Mirella Marques, assistente social da Cáritas Brasileira. A Cáritas, em parceria com o Instituto Humanitas, promoveu curso de língua portuguesa para os venezuelanos. “Na turma também tinha brasileiros, é uma forma de promovermos a integração”, comenta Mona Mirella.
As instituições repassaram para os venezuelanos informações sobre as leis trabalhistas, Lei Maria da Penha e direitos do consumidor. Num convênio com o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), eles aprenderam a elaborar currículo e receberam dicas de comportamento em entrevistas de emprego. De acordo com Mona Mirella Marques, os refugiados não podem ficar de maneira permanente nos apartamentos alugados pela Cáritas. “Em algum momento é preciso deixar a casa e abrir espaço para novas levas de migrantes.”