Vítima de ataque com ácido sulfúrico é homenageada em missa de sétimo dia

Familiares, amigos e integrantes do Coletivo Mana a Mana e Instituto Maria da Penha participaram da celebração em memória de Mayara Estefanny
JC Online
Publicado em 01/08/2019 às 21:58
Familiares, amigos e integrantes do Coletivo Mana a Mana e Instituto Maria da Penha participaram da celebração em memória de Mayara Estefanny Foto: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


De preto pela sororidade e em protesto à violência contra a mulher, integrantes do Coletivo Mana a Mana e Instituto Maria da Penha (IMP) relembraram nesta quinta-feira (1º) Mayara Estefanny Araújo, 19 anos, que morreu após ter 38% do corpo queimado por ácido sulfúrico pelo ex-companheiro. A homenagem aconteceu durante a missa de sétimo dia da jovem, que lotou a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Nova Descoberta, onde ela morava.

“Cada pessoa que se abate sobre essa terra entristece o Espírito Santo de Deus, principalmente de uma forma tão violenta, tão audaciosa e, por que não dizer tão maligna?”, disse a representante do IMP Regina Célia Barbosa no altar.

Uma das irmãs de Mayara, Ana Beatriz, também ocupou o espaço para ler um pequeno texto de agradecimento que escreveu para a familiar. "Oi, Mayara, a gente tinha tanta coisa para te falar quando voltasse para casa, tínhamos fé de que você ficaria bem. Você era uma menina tão boa, não tinha maldade. Sei que está em um lugar melhor, ao lado de Deus. Nós iremos cuidar do seu filho e dar muito amor a ele. Obrigada por tudo que você fez, te amamos muito, descansa!", disse.

Segundo o padrinho de Mayara, Elpídio Gomes, o filho dela, de 2 anos, está sendo a fonte de força da família. "O menino é um anjo que Deus botou na nossa vida. Vamos ensiná-lo a ser um homem que respeita as mulheres. A família, amigos, estamos todos nos dedicando a ele", afirmou.

De acordo com Ana Sofia Oliveira, do Coletivo Mana a Mana, que oferece assessoria jurídica gratuita para mulheres de baixa renda em situação de violência ou vulnerabilidade é está auxiliando a família de Mayara, o crime foi um "baque muito grande" para todo o grupo.

"Casos como esse de Mayara, pra nós, é uma baque muito grande, mesmo lidando diariamente com abusos e violências, nos tira do eixo vivenciar uma história como essa. O golpe do machismo em mulher é também um golpe em todas nós. A gente sente diariamente o medo de, amanhã, ser com a gente ou com alguma de nós. Quando vemos o direito à liberdade de uma mulher sendo tirado dela a força, sentimos que o nosso vai diminuindo cada vez mais, disse.

Nesta sexta-feira (2), família e amigos de Mayara se reúnem em outra celebração em Limoeiro, Agreste do Estado, cidade em que ela nasceu e foi sepultada.

O crime

A agressão a Mayara Estefanny aconteceu no dia 4 de julho, no bairro de Nova Descoberta, Zona Norte do Recife, quando a jovem foi surpreendida pelo ex-companheiro e pai do seu filho de dois anos, William César dos Santos Júnior, 30 anos, e o amigo dele, o ex-presidiário Paulo Henrique Vieira dos Santos, 23, que estão presos. Paulo teria segurado Mayara enquanto William jogava ácido sobre o rosto e o corpo da jovem. O acusado não aceitava o fim do relacionamento.

Os dois foram indiciados e denunciados por tentativa de feminicídio qualificado, mas, com a morte da vítima, a expectativa é de que o MPPE altere a tipificação do crime para feminicídio consumado e as penas de cada um cheguem a 32 anos de prisão. 

Mayara morreu no Hospital da Restauração, no Derby, área central do Recife, no dia 25 de julho.

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