Usuários, preparem os bolsos: pela quarta vez este ano, a passagem do metrô do Recife ficou mais cara. A partir de hoje, o bilhete passa a custar R$ 3,40, 13,3% a mais que o antigo valor de R$ 3. O aumento faz parte de uma série de reajustes escalonados que começaram ainda no primeiro semestre e vão se estender até o ano que vem. No dia 5 de maio, o preço subiu de R$ 1,60 para R$ 2,10. Em 7 de julho, foi para R$ 2,60, e, em 8 de setembro, chegou a R$ 3.
No cronograma da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), mais dois aumentos pela frente: no dia 5 de janeiro, vai para R$ 3,70; e, dia 7 de março, finalmente atinge R$ 4. No total, é um acréscimo de 150% sobre o valor inicial, que antes disso não sofria alteração há sete anos.
Entre os passageiros, o sentimento é de insatisfação. A empregada doméstica Ozineide Guilherme, de 48 anos, que usa o transporte todos os dias, relata não ter observado melhora no serviço - mesmo sentindo o peso no orçamento. “Quando reclamam, a única coisa que eles botam para funcionar é a escada rolante. É tudo uma bagunça. A gente não vê melhoria em nada, só o aumento da passagem”, relatou.
O novo preço é motivo de reclamação. “Veja, uma passagem de R$ 4 todo dia. Dói no bolso da gente, que já não ganha essas coisas. Os patrões chiam também, né? Como a gente vai chiar no nosso salário”, afirmou.
Outra usuária diária, a atendente de telemarketing Isadora Brito, 26, também se queixa. “Não tem nenhum conforto, não melhorou em nada. É muito ruim, está precária mesmo a situação. Não tem nenhum conforto, não melhorou em nada. Demora mais de 10 minutos de um metrô para chegar outro. É um calor”, falou. “É um absurdo porque não melhora em nada e só faz aumentar. Para onde está indo todo esse recurso?", indagou.
A pergunta de Isadora é respondida pela CBTU Recife. Por meio de nota, a Companhia explicou que, por ser uma estatal, seu orçamento é definido pela Lei Orçamentária Anual (LOA) do Governo Federal. “Ou seja, em 2019 a CBTU está funcionando a partir de um orçamento aprovado em 2018. Os valores arrecadados com a tarifa paga pelos usuários são depositados na Conta Única da União, não ficam disponíveis para serem usados no caixa da CBTU”, informou.
“Mesmo com o aumento da tarifa, o orçamento continua o mesmo aprovado pelo Congresso para aquele ano. No ano seguinte é que, tendo uma arrecadação maior devido ao aumento da tarifa, o Metrô poderá pleitear novos recursos e um orçamento maior, que possa subsidiar melhorias para o sistema”, disse.
O custeio do serviço este ano foi orçado em aproximadamente R$ 95 milhões, sendo mais de 50% desse valor financiado pelo Governo Federal.
O incremento na passagem foi autorizado pela 15ª Vara da Justiça Federal de Minas Gerais e vale também para os metrôs de outras quatro capitais administrados pela Companhia. Ela justifica o aumento, a que chama de reequilíbrio tarifário, pelos anos em que não houve reajuste. “Há cerca de 13 anos não havia alteração nas tarifas em Belo Horizonte, 15 anos em Natal, Maceió e João Pessoa e sete anos em Recife, atingindo avançada defasagem ante ao custo de manutenção do sistema.”
A CBTU está na fila dos ativos do Governo a serem concedidos à iniciativa privada. Em 4 de setembro, a empresa foi incluída no Programa Nacional de Desestatização (PND) e programa de parcerias de investimentos (ppi) através de decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro.