A jovem Débora Dantas, de 19 anos, vítima de um acidente de kart no último dia 11 de agosto, comentou sobre a lei nº 18.688, que impõe regras mais rígidas aos kartódromos do Recife. Os estabelecimentos que não cumprirem as regras, fornecendo os materiais de segurança necessários aos clientes, terão que pagar uma multa de R$ 10 mil e sofrerão uma suspensão de 30 dias. Para ela, as penalidades seriam “brandas”. “R$ 10 mil, é isso que vale uma vida?”, questionou.
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Débora disse, em entrevista ao JC, que uma vida não vale só R$ 10 mil. Ela explica que, sobretudo, as empresas devem ter o cuidado total para evitar tragédias. “A empresa tem que ser punida severamente. Não só por 30 dias, mas até ela se adaptar às normas. O motor do carro tem que ser fechado. Se pegar no braço de alguém, pode triturar. Aquilo ali precisa ser coberto, não interessa o preço que seja”, argumenta.
A jovem considera a criação da lei como uma medida muito importante, mas pensa em propor alterações. Ela afirma que escalpelamento não acontece somente em kartódromos, mas em equipamentos como elevadores e em parques de diversões. “Ainda se tem muito a percorrer”, argumenta.
Para Débora, a criação da lei aconteceu por conta da visibilidade do seu caso, com as coberturas midiáticas que chamaram atenção de todo o país. “Já aconteceram outros casos que foram ‘abafados’. Se estes casos tivessem ido à mídia, como o meu foi, talvez eu não tivesse sofrido o acidente”, explica.
Como tem feito palestras em diversas instituições, Débora disse que sempre alerta o público a ter cuidado com equipamentos que podem apresentar riscos de escalpelamento, pois nunca se sabe quando a tragédia pode acontecer. “Eu instruo as mulheres e homens que têm cabelo longo para, quando forem andar de elevador, terem cuidado se o local estiver cheio. Quando chegarem perto de motores expostos, que tenham esse cuidado, porque é muito mais comum do que se pensa. Eu luto pela segurança”, assegura.
Débora explica que não está tendo assistência nos procedimentos médicos por parte da empresa de kart onde ocorreu o seu acidente. Segundo ela, a própria rede de supermercados Walmart, onde ficava o kartódromo, é quem está arcando com todos os custos.
Para a jovem, houve um “abandono” por parte do proprietário do kartódromo. “O homem do kart não veio falar comigo até hoje! Ele não veio me dar a mínima satisfação! Nem pra pedir perdão ele veio. Ele me abandonou”, conclui.
Na tarde do dia 11 de agosto de 2019, Débora Dantas se envolveu em um acidente de kart e teve o couro cabeludo arrancado. A pista em que ela e o namorado (Eduardo Tumajan) se divertiam funcionava em um supermercado de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. O casal havia pago R$100 para dar 22 voltas na pista, mas, na segunda volta, o cabelo da jovem saiu do capacete e ficou preso ao motor do kart. No mesmo dia, ela foi levada para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, área central do Recife. No dia 12 de agosto, Débora passou por uma cirurgia para a reconstrução do couro cabeludo. No dia seguinte (13/08), a auxiliar de ensino passou por uma nova cirurgia.
No dia 18 de agosto, a jovem foi transferida para o Hospital Especializado de Ribeirão Preto (Herp), no Estado de São Paulo. No mesmo dia, Débora foi submetida a um procedimento cirúrgico. No dia 24, a jovem passou por um retalho microcirúrgico para cobertura da calota craniana.
No dia 3 de setembro de 2019, Débora deixou o Centro de Terapia Intensiva (CTI). No dia 30 de setembro, ainda em São Paulo, a auxiliar de ensino infantil foi submetida a uma cirurgia para enxerto de pele parcial. Ela recebeu alta médica no dia 12 de outubro, mas voltará à Ribeirão.
Após passar dois meses em São Paulo, onde foi submetida aos diversos procedimentos médicos, Débora voltou ao Recife. Ela foi recebida por familiares no Aeroporto Internacional na madrugada do dia 29 de outubro. Na capital pernambucana, a jovem realizou o Exame Nacional do Ensino Médio, que aconteceu nos dias 3 e 10 de novembro.