Escada, na Mata Sul de Pernambuco, revela relíquias de engenhos de açúcar; veja

O projeto Turismo Rural em Escada promoveu visita a cinco engenhos e prevê novos passeios na cidade da Zona da Mata Sul de Pernambuco
Cleide Alves
Publicado em 29/12/2019 às 8:08
Foto: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Houve um tempo em que o município de Escada, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, tinha mais de 150 engenhos de cana-de-açúcar funcionando. Com o declínio da tradicional atividade agroindustrial, muitos desapareceram. Restam na cidade uns 70, alguns preservados e vários em ruínas. Cinco deles foram escolhidos para inaugurar, domingo passado (22), o projeto Turismo Rural de Escada, que prevê visitas a casarões de antigos engenhos, passeios por cachoeiras e caminhadas nas estradas com fama de mal-assombradas, em cinco rotas distintas.

A Rota dos Barões, a primeira a ser explorada, levou 50 pessoas aos Engenhos Sapucaji, Barra, Limoeiro Velho, Jundiá Grande e Preferência (localizado em Primavera após mudanças nos limites municipais). “Essa é uma forma de estimular as pessoas a conhecerem a sua história”, afirma o arqueólogo Álex Anthony, coordenador do projeto. O próximo passeio é o Caminho das Águas, em 12 de janeiro de 2020, numa trilha para percorrer as cachoeiras Pé de Serra, Rasga Sunga e Pedra Americana.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Com 12 janelas na fachada principal e 15 quartos, o Engenho Sapucaji fica no município de Escada - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A casa-grande do Engenho Sapucaji foi construída na segunda metade do século 19 em Pernambuco - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O casarão pertence à família Dias Lins e conserva mobiliário antigo nas salas e nos quartos - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O casarão pertence à família Dias Lins e conserva mobiliário antigo nas salas e nos quartos - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Em 1887, no século 19, o Engenho Sapucaji recebeu a visita do príncipe Adalberto da Prússia - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A casa-grande do Engenho Preferência é de 1917 e foi construída sobre a moradia antiga, de 1875 - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O casarão do Engenho Preferência mantém o piso de mosaico inglês na sala e no terraço - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O casarão do Engenho Preferência mantém o piso de mosaico inglês na sala e no terraço - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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De propriedade da família Pontual, o Engenho Preferência nasceu em Escada e hoje fica em Primavera - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Preferência não moía cana, o engenho mantinha o cultivo da cana e a criação de gado e cavalo - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Casarão de estilo neogótico do Engenho Limoeiro Velho, construído em meados do século 19 em Escada - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A casa-grande de Limoeiro Velho foi restaurada em 2017, vendida em 2019 e passa por reforma interna - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O Engenho Limoeiro Velho foi residência do Barão de São Braz e do segundo Barão de Suassuna - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O pintor Cícero Dias nasceu no casarão do Engenho Jundiá Grande em 1907 e faleceu em 2003 na França - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A casa-grande de Jundiá é uma construção neoclássica do século 19. O engenho remonta ao século 18 - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Sem uso há anos, o casarão do Engenho Jundiá Grande está destelhado, sem portas e janelas - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Apenas quatro casarões de engenho tinham pátio interno em Pernambuco. Jundiá Grande era um deles - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Antônio Silvino matou uma menina em Jundiá em 1899. É o único crime do qual se arrependeu na vida - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Construída em 1880, a casa-grande do Engenho Barra continua habitada pela família proprietária - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

 

No Engenho Sapucaji, um do poucos com móveis do passado, o visitante foi apresentado ao modo de vida da época na sala decorada com espelho majestoso, mesa para dez lugares, piano e gramofone. O casarão de 12 janelas na fachada principal é uma construção da segunda metade do século 19, com porão alto e escadaria em pedra lioz, um calcário português. “Em 1887, o príncipe Adalberto da Prússia, filho do último kaiser da Alemanha, Guilherme 2º, passou um dia lá”, recorda Reinaldo Carneiro Leão, 1º secretário do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

O casarão do Engenho Barra, também da segunda metade do século 19, pertencia ao Barão de Pirangi e encontra-se nas proximidades de um riacho afluente do Rio Ipojuca. “Antigamente, a casa era distante dos limites da cidade, mas foi substituída e a nova construção ficou quase na cidade, isso permitia que os moradores pudessem ver a rua”, comenta Reinaldo Carneiro Leão.

Antiga propriedade do Barão de São Braz, a casa-grande do Engenho Limoeiro Velho tem estilo arquitetônico neogótico. “É típico da segunda metade do século 19 em Pernambuco”, informa Reinaldo. O casarão, restaurado em 2017, foi vendido há três meses e o novo proprietário ainda está concluindo reformas internas. “Ela é bem moderna por dentro e mantém os traços antigos nas fachadas”, diz Álex Anthony.

Jundiá Grande, onde nasceu o pintor Cícero Dias (1907-2003), é um dos exemplos de engenho em ruínas de Escada. Destelhada, sem portas, piso e janelas, a casa é uma construção neoclássica do século 19, mas o engenho remonta à segunda metade do século 18. Antes de ser parcialmente demolida, tinha 26 quartos, observa Álex Anthony. “Era o casarão com o maior pátio interno de Pernambuco”, acrescenta Reinaldo. Tudo está sendo tragado pelo mato.

Chalé com sótão de propriedade da família Pontual, a casa-grande do Engenho Preferência foi construída em 1917 sobre a moradia mais antiga, de 1875, no alto de uma colina. “Meu avó tinha serralharia e aqui mesmo ele confeccionou madeiras do forro, tacos do piso e gradis para a casa”, afirma Fausto Falcão Pontual, o atual proprietário. O engenho, diz ele, aliava o cultivo de cana com criação de gado e cavalo.

Rotas

As outras rotas do projeto são: Passos da Escravidão, com visita a engenhos que usavam mão de obra escrava representativa (Escada era a segunda vila com maior número de escravos em Pernambuco, em 1872) segundo Álex Anthony; Circuito das Capelas (remanescentes de oratórios e capelas que as famílias construíam em casa para mostrar que eram católicas); e Estradas mal-assombradas, para rememorar as lendas mantidas por moradores da zona rural, como a conhecida comadre florzinha, que fazia pessoas se perderem na mata.

O projeto Turismo Rural tem apoio do Instituto Histórico de Escada, da Secretaria de Cultura da cidade e do proprietário de um posto de combustíveis.

Serviço

Valor do passeio: R$ 40 por pessoa, incluindo translado, água mineral e frutas
Reserva: (81) 99115-6667 (WhatsApp)
Informações: @turismoescada

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