O homem de 39 anos suspeito de estuprar uma estudante universitária de 21 anos no metrô do Recife foi ouvido novamente pela polícia nesta quinta-feira (22) e disse ser inocente. Acompanhado do advogado, ele compareceu voluntariamente à Delegacia da Mulher durante a tarde, prestou depoimento e responderá à acusação em liberdade.
O advogado do homem, Valdécio Assunção, informou à Rádio Jornal que orientou seu cliente a se apresentar na delegacia devido à repercussão que o caso teve. "Ontem eu não queria fazer a defesa prévia porque achava que não era necessário. Como não havia indícios suficientes de autoria da prática delituosa, decidi que faria a argumentação em juízo. Quando vi a repercussão que a acusação teve na imprensa, entrei em contado com ele e o convenci a ir até a delegacia, pois ele não é foragido, não há um mandado de prisão contra ele", afirmou o defensor.
Assunção comentou ainda que o suspeito garante que sequer encostou na vítima. "Não existe a materialidade do crime. Ela não tem provas, não tem testemunhas, foi o que ela disse contra o que ele disse e ele garantiu que não cometeu o crime, que não tocou nela, não se esfregou nela. Eu, inclusive, pedi à autoridade que preside o caso que analise as imagens tanto de dentro do vagão nos dois dias, como da saída da estação no dia em que ela falou que ele subiu no mesmo ônibus. Por que ele alega que subiu primeiro tanto no vagão quanto no ônibus".
Segundo a vítima, há cerca de duas semanas o homem a estava perseguindo. Nas últimas terça (20) e quarta-feira (21), o suspeito apalpou a genitália da jovem. "Ela percebeu que, por onde ela passava, ele ia também. Na quarta, ela disse a mãe que estava sendo perseguida e ela a acompanhou. Ele foi atrás dela no metrô e quando ela tentou pegar outro vagão, ele, com força, colocou a mão nas partes íntimas dela e apertou”, explicou a delegada Ana Elisa Sobreira, agora responsável pelo caso.
Na tarde de hoje, a Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que o delegado que fez o primeiro registro do caso, Flamínio Barros, foi afastado de suas funções. Na última quarta-feira, na Central de Plantões da Capital, pouco após a agressão sexual, o investigador ouviu o suspeito e o liberou em seguida, pois entendeu que não houve flagrante. Além do afastamento, a atitude de Barros também será investigada pela Corregedoria da SDS.
"Um advogado chegou, levou ele e pronto. Ele ainda saiu com um ar de riso. Por isso que essas coisas acontecem e vão continuar acontecendo, pois a justiça é muito falha. Ele teria que realmente me estuprar e deixar na rua pra todo mundo ver?", disse a vítima à Rádio Jornal depois de prestar queixa na Central de Plantões.
Após tomar conhecimento da atitude do delegado, Antônio Barros, chefe da Polícia Civil do Estado, entrou em contato com a vítima e a encaminhou para a Delegacia da Mulher.
Nesta quinta, antes da decisão da SDS, Ana Elisa Sobreira criticou a postura de Flamínio Barros, afirmando não entender o porquê de o suspeito ter sido liberado, após ser ouvido. De acordo com a delegada, toda a ação do acusado configura o crime de estupro e não haveria motivos para o homem ser liberado, principalmente por haver testemunhas.
"Eu não faço ideia do porquê desse homem ter sido solto. Ele vinha perseguindo a vítima por duas semanas, na Estação Mangueira. Da forma como ele vinha progredindo nas abordagens, ele provavelmente partiria para níveis maiores de agressão", cravou.