Uma equipe de terapia ocupacional participa do tratamento do paraibano Carlos Antônio dos Santos Freitas, 28 anos, que está internado na enfermaria do 10º andar do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “São profissionais que auxiliarão a tirar o foco do videogame e tentar fazer outras atividades, que distraem e o ajudam a ficar menos agitado”, diz a cirurgiã do HC Luciana Siqueira. O rapaz, de 420 quilos e conhecido como Carlinhos, chegou na quinta-feira (9) à unidade de saúde para se tratar da superobesidade.
A médica informa que Carlinhos ainda não compreendeu bem que está em tratamento. Esse nível de entendimento, segundo os médicos, pode dificultar a estratégia terapêutica. “Como ele não tem muita noção do que está acontecendo, precisamos do apoio da família, da equipe de psicólogos e psiquiatras”, diz a gerente de Atenção à Saúde do HC, Ana Caetano. Ela acrescenta que, a priori, Carlinhos tem um déficit cognitivo, possivelmente associado a alguma síndrome que está sendo investigada. “Ainda não temos um diagnóstico fechado.” À noite, o jovem continua usando as mesmas medicações para dormir que tomava em casa.
Ainda segundo Ana Caetano, o trabalho dos profissionais de serviço social do hospital tem sido fundamental nessa etapa do tratamento. “É importante estarmos junto da família, que chegou aqui sofrida e também culpabilizada. É preciso que os parentes saíam dessa condição e entrem no processo de colaboração.”
Desde o dia em que foi internado, Carlinhos tem se submetido a exames de sangue e de imagem, como o ecocardiograma, que avalia a condição cardíaca. E ele não está com a pressão arterial alta, que geralmente acompanha a maioria das pessoas com sobrepeso e obesidade. A pressão arterial do jovem tem se mantido em 13 por 8, o que pode ser visto como um bom parâmetro para um paciente nas condições dele.
O paraibano segue um cardápio diferente da alimentação que tinha em casa. “Não podemos reduzir de forma drástica a ingestão calórica a que ele está habituado. Já diminuímos, contudo, o volume de comida oferecido. Ainda assim, não é uma dieta hipocalórica”, diz Luciana. O almoço de Carlinhos agora é servido num prato, e não mais numa vasilha de plástico. “Estamos tentando fazer várias readaptações dos hábitos. Essa é uma etapa fundamental do tratamento clínico”, conclui a médica.