A Fiocruz Pernambuco divulgou, nesta quinta-feira (15), o resultado preliminar do estudo de caso-controle que mostra que recém-nascidos infectados pelo vírus da zica têm 55 vezes mais chances de apresentar microcefalia do que os bebês que não possuem a doença. A pesquisa foi feita no Recife e publicada na revista The Lancet Infectious Disease.
Para o teste, foram analisados 32 recém-nascidos com microcefalia (casos) e 62 sem microcefalia (controle). Todas as crianças nasceram entre janeiro e maio deste ano, em oito maternidades da capital pernambucana. Segundo o material enviado ao JC pela Fiocruz, “objetivo é investigar a associação entre a microcefalia e o vírus zika, além de outros potenciais fatores de risco”.
Até o momento, concluiu-se que das 32 crianças com microcefalia, 40% tiveram a infecção por zika comprovada em laboratório. Os bebês sem microcefalia, por sua vez, mostraram-se livre da zika após a realização de exames laboratoriais. “Nenhum desses 94 recém-nascidos participantes do estudo apresentou resultado positivo para doenças como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes e sífilis (Torchs), que provocam malformações congênitas”, completou a Fiocruz.
“Com esses resultados preliminares do estudo de caso-controle, já podemos afirmar que a epidemia de microcefalia é o resultado da infecção congênita pelo vírus zika. A continuidade do estudo irá permitir analisar outros fatores que possam contribuir para reduzir ou potencializar o risco de microcefalia decorrente da infecção congênita pelo vírus zika”, afirmou médica epidemiologista Thalia Velho Barreto, uma das integrantes do Microcephaly Epidemic Research Group (Merg).
Durante as pesquisas, verificou-se também que 34,4% dos bebês com microcefalia apresentava a malformação em sua forma severa. Outro resultado importante foi a elevada proporção de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional (84%) entre aqueles nascidos com microcefalia, enquanto entre os 62 sem a malformação eram apenas 6,4%, provavelmente provocada pela infecção pelo zika.
Até o final do estudo, objetiva-se analisar 600 crianças, sendo 200 com microcefalia e 400 sem a malformação. A pesquisa de caso-controle está sendo feita em oito maternidades do Recife: Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros da Universidade de Pernambuco (Cisam), Unidade Mista Professor Barros Lima, Maternidades Bandeira Filho e Santa Lúcia; e nos hospitais Barão de Lucena, Agamenon Magalhães e das Clínicas da UFPE.