Em 'God', Miguel Falabella quer mostrar que Deus é brasileiro

Peça ganha sessões dia 2 e 3 de junho, no Teatro RioMar
JC Online
Publicado em 02/06/2017 às 13:26
Peça ganha sessões dia 2 e 3 de junho, no Teatro RioMar Foto: Divulgação


De acordo com o ditado popular, Deus é brasileiro. Na visão de Miguel Falabella, ele é mesmo. Além de abençoar o país com natureza exuberante, o Todo-Poderoso do ator e diretor carioca tem um gingado particular que muito lembra a essência do povo tupiniquim. Diante do caos instaurado por sua mais pródiga criação, os seres humanos, o criador do universo decide intervir e o resultado dá origem ao espetáculo God, que ganha sessões sexta (2) e sábado (3) no Teatro RioMar.

Miguel Falabella é um dos rostos mais conhecidos da televisão brasileira. Além de personagens em novelas, criações como Caco Antibes, de Sai de Baixo, e os anos à frente do Video Show consolidaram sua persona no imaginário do público. Às vezes, personagens e intérprete parecem se misturar nessa percepção criada pelo show business. Seu humor particular virou uma assinatura presente em quase todos os seus projetos.

Sua carreira no teatro é pulsante e já escreveu mais de 30 peças desde os anos 1980. Além disso, é um dos grandes responsáveis pelo novo fôlego do mercado de musicais, do qual é grande entusiasta, já tendo produzido versões de clássicos da Broadway como Cabaret, Xanadu, Hairspray, Crazy For You e Os Produtores. Porém, mais do que apenas apresentar versões ipsis litteris desses espetáculos, ele busca sempre adicionar um tempero brasileiro, dialogando com a plateia local.

É nesse espírito que ele traz aos palcos nacionais God, peça baseada na dramaturgia do vencedor do Emmy David Javerbaum. Além de adaptar o texto, Falabella também dirige e estrela a obra. Tanto fôlego é resultado de uma mente em constante estado criativo.

De acordo com a codiretora, Fernanda Chamma, após mais de 40 anos de profissão, o artista vive um de seus melhores momentos.

“Costumo brincar com Miguel que, quanto mais aniversários eles faz, menos dorme porque quer fazer tudo ao mesmo tempo e sempre com muita qualidade e vontade. Esse espetáculo, especificamente, tem feito muito bem a ele, que está curtindo estar no palco, trocando com o público”, pontua Fernanda.

DEUS É NOSSO

Em God, Deus decide descer à terra em meio ao caos produzido pelos seres humanos. Os Dez Mandamentos, na sua opinião, já não têm muita serventia, uma vez que suas crias já não o respeitam. Seu objetivo, então, é propor novas leis, novas possibilidades para que seus filhos vivam em harmonia. Ele sabe, no entanto, que a tarefa não é das mais fáceis.

Para chegar a esse resultado, durante os cerca de 90 minutos de espetáculo, ele e seus fiéis arcanjos, Miguel (Magno Bandarz) e Gabriel (Elder Gattely) tentam elucidar os grandes mistérios da existência terrena. Mas, quem imagina um Todo-Poderoso sisudo deve se surpreender. Na visão de Falabella, Deus é mais do que antenado, portando uma Bíblia no iPad e ligado em questões como vida fitness e a caótica política brasileira.

Entre os novos mandamentos propostos por ele estão “Honrarás teus filhos”, “Separar-me-ás do Estado” e “Não me dirás o que devo fazer”. Para cada um deles, promete dar explicações bem fundamentadas (e bem-humoradas).

“Para deixar o espetáculo dinâmico, Miguel reduziu algumas partes do original que ele achou que não funcionariam no Brasil. Então, ele foi dando uma visão própria e, de alguma forma, continua a modificar o espetáculo a cada apresentação, utilizando temas atuais com os quais o público se identifica”, adianta a codiretora.

Outra diferença em relação à versão original é a importância dos arcanjos. Lá fora, Miguel e Gabriel passavam todo o tempo da peça sentados ao lado de Deus. Porém, nas mãos de Fernanda, que é coreógrafa e trabalha com Falabella há anos, eles falavam também com o corpo.

“Este é um espetáculo que depende prioritariamente do ator. Não é como as grandes produções musicais que contam com muitos cenários, efeitos. Por isso, buscamos trabalhar o corpo dos atores de forma muito intensa, quase como se eles se comunicassem através dos movimentos. É uma peça que exige muito dos atores porque eles ficam em cena durante toda a encenação”, conta.

Apesar de ter Deus como personagem principal, o espetáculo não é religioso. Fernanda reforça que o público é formado por pessoas de diferentes crenças e que todos se sentem respeitados e se divertem com as situações propostas.

“Estamos há quase um ano em cartaz e nunca tivemos uma plateia que não se emociona com a peça. O texto é muito inteligente, passa uma mensagem bacana, que toca todas as religiões, sem constranger ninguém. Além disso, Miguel se preocupa em fazer com que cada plateia se sinta especial, adicionando elementos da cultura local no texto”, conta.

Segundo a codiretora, Falabella fará o público se sentir muito à vontade, principalmente devido ao seu carinho por Pernambuco. Ela tem apenas uma advertência aos que ainda insistem em utilizar os aparelhos celulares durante a apresentação para registrar o global: não o faça sob nenhuma circunstância.

“Miguel tem pânico de celular na hora da peça. Ele fica furioso e dá bronca mesmo”, avisa.

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