Arranhado em sua beleza por um boom imobiliário ensandecido, um trânsito infernal e um poder público cego ao seus anseios, o Recife agoniza entre gritos de socorro e ataques de revitalização. Por tantos motivos, não é à-toa que a arte de flanar pela cidade não é a mesma há muito tempo. Ainda assim, os flaneurs que se aventuram a gastar sola de sapato pelas ruas do Recife não deixam de se espantar com o que os seus olhos veem.
Entre tantas coisas feias e sujas, as linhas belas, graciosas e assimétricas das esculturas de Corbiniano Lins - espalhadas em praças, prédios públicos e residenciais - nos lembram que o Recife chora por cuidados. A obra desse estoico senhor, que nasceu em Olinda há 90 anos, é o tema do documentário de longa-metragem Corbiniano. O filme representa Pernambuco na Mostra Doc Internacional do Cine PE: Festival do Audiovisual e será exibido hoje à noite, no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções.
A obra do artista plástico José Corbiniano Lins se espalha por todo o Recife. Suas esculturas estão na Avenida Guararapes, na Praça da Independência e em agências bancárias. Seu grandioso mural com mais de 20 metros em forma de "s" e pintado sobre azulejo, em homenagem às revoluções pernambucanos pode ser visto na Praça General Abreu e Lima, no bairro de Santo Amaro.
O jornalista Cezar Maia, diretor do documentário, conhecia o trabalho de Corbiniano Lins tanto quanto os recifenses que circulam pelas ruas da cidade. Até que, há cerca de dois anos, o músico Sandro Lins, neto do artista plástico, levou um livro de arte para Cezar conhecer o trabalho do avô.
"De cara, identifiquei as esculturas e outras obras dele, porque elas fazem parte da paisagem urbana do Recife. Mesmo depois de terminar o filme, ainda encontro novas obras dele por aí", explica o documentarista, sócio da Ateliê Produções ao lado do amigo Marcelo Barreto.
Leia a reportagem completa na edição desta segunda-feira (28/04) no Caderno C, do Jornal do Commercio.