O crítico, produtor e diretor de cinema pernambucano Kleber Mendonça Filho, de Aquarius e O Som ao Redor, entregou, nesta quarta-feira (6), ao presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Luís Otávio Cavalcanti, uma carta pedindo exoneração da coordenação de Cinema.
Em seguida, o cinesta viajou para os Estados Unidos, onde vai apresentar Aquarius no Festival de Cinema de Nova York, e só retorna no fim do mês. Leia o texto na íntegra abaixo:
"Ao Sr. presidente da FJN, Luiz Otávio Cavalcanti
À diretora da MECA, Valéria Costa e Silva
Luiz Joaquim, COCIN
Caro Luiz Otávio,
Venho, com esta carta, pedir meu desligamento da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), onde desempenhei com enorme prazer e ao longo de 18 produtivos anos a coordenadoria de cinema da Fundação.
A decisão, que vinha sendo pensada já há quase dois anos, vem num momento particular da minha carreira como cineasta, carreira esta que sempre correu paralelamente às minhas funções nesta instituição, começando com meus filmes de curta-metragem e chegando às minhas três produções em longa-metragem.
Neste ano de 2016, com novos projetos de realização em cinema no Brasil e no exterior materializando-se, vejo que equilibrar minha função fixa e diária na instituição com minhas produções torna-se finalmente inviável. Curiosamente, foi em 1992, na fundação Joaquim Nabuco, no Derby, que mostrei publicamente pela primeira vez um filme meu, na época feita em vídeo.
Neste 18 anos, também desempenhei o papel de crítico de cinema do Jornal do Commercio e escrevi para a Folha de S. Paulo. Toda essa atividade no campo do cinema e da cultura, de alguma forma, somava no sentido de dirigir de um setor que sempre teve como missão abrir espaço para o audiovisual numa instituição tão forte e respeitada como a Fundação Joaquim Nabuco.
Eu conheci a Fundação Joaquim Nabuco na infância, através da minha mãe, Joselice Jucá, que foi diretora do Cenibra e do Departamento de História. Em 1998, três anos após sua morte prematura, vim, como repórter de cultura do Jornal do Commercio, entrevistar a então diretora do então Instituto de Cultura, Silvana Meireles, sobre o que, na época, era uma aquisição recente de equipamentos de som e projeção 35mm para o auditório José Carlos Cavalcanti Borges.