“São 15 anos, não são quinze dias. O povo pensa que a gente tá começando agora, mas, não. São 15 anos de sofrimento, de batalha, de luta, e com essa bandeira que é o forró autêntico, o forró de pé de serra, esse forró de Gonzagão”. As palavras de Diego Barros, 30 anos, produtor e primo de Armandinho do Acordeon e Pingo Barros na Fulô de Mandacaru, representam o sentimento da família e dos admiradores do trio forrozeiro de Caruaru.
Ainda no começo, um dos marcos da carreira da Fulô de Mandacaru foi abrir o show de Elba Ramalho em pleno São João de Caruaru, onde eles voltam a se apresentar (24/06), desta vez com protagonismo e gravando DVD. Quem também já dividiu o palco com eles algumas vezes foi o saudoso Reginaldo Rossi. Segundo o líder Armandinho, o rei do brega gostava muito do som tradicional dos forrozeiros.
Mas em uma década e meia de carreira, a banda não teria história se não fosse o incentivo do músico Armando Barros, pai de Armandinho e Pingo. O carismático senhor de 59 anos tem uma estrada de mais de 40 deles dedicados à música, que também aprendeu com o seu pai Manoel Dantas, ou Manezinho Cantador, que dominava os oito baixos. O patriarca da Fulô conta que a ideia do trio partiu dele, quando ainda se chamavam Trio Flor de Mandacaru.
“Os meninos cresceram ouvindo forró. Eu vi que, aonde eles chegavam, eles agradavam. Mas não foi fácil. Muitas vezes eu pedia que eles se apresentassem em troca da gasolina e pela janta”, relata Armando por telefone ao JC. A ideia da vestimenta característica do trio também foi dele. “Rodamos todo o interior do Estado fazendo shows. Lembro de uma vez que disse a um dono de um espaço: ‘Não quero cachê, não. Só quero mostrar o trabalho dos meninos’”, relembrou ele, que chegou a vender dois carros para ajudar o conjunto financeiramente.
Mesmo assim, o Seu Armando não irá ao Rio de Janeiro no próximo domingo (27) assistir à final do SuperStar nos Estúdios Globo. “Eu sou muito emoção. Acho até melhor que eu não vá. Mas espero que façam um bom trabalho. O prêmio é consequência, mas eles estão preparados para competir”, defendeu.
Se o pai não estará presente, a mãe já está com passagem comprada para o Rio de Janeiro. A aposentada Jeane Lúcia, de 53 anos, não esconde a ansiedade de torcer pelos seus filhos na plateia do reality. Ela relembra o processo de inscrição do grupo: “Eles resolveram se inscrever faltando três dias antes do terminar o prazo. E receberam a ligação da Globo cinco dias depois do encerramento. Eles nem acreditavam!”, contou.
A Fulô de Mandacaru surgiu numa leva de 14 mil inscrições e foi aprovada na seletiva regional de Salvador com mais 29 bandas. Como toda a mãe-coruja, defende o talento do trio: “O que eles fazem agora é o que fazem desde o início. E é isso que orgulha a família, os amigos e quem gosta do forró tradicional. Estamos muito felizes”, afirmou ela, que revelou que o presente no Dia das Mães foi ver a banda passar na repescagem.
Quem também pretende reunir a família para assistir à final do programa no Alto do Moura é a tia deles, Ana Maria Barros. A professora universitária de 51 anos está animada para o grande momento, mobilizando todos nas redes sociais: “Minha vida é ser uma ‘Fulozete’ até domingo. O que eles estão fazendo pela cultura pernambucana é algo bonito e merecem ser reconhecidos por isso”, justificou.