'TOC', com Tatá Werneck: uma comédia nerd extremada

Filme com direção de Teodoro Poppovic e Paulinho Caruso desafia o público a encarar uma comédia 'diferentona'
Robson Gomes
Publicado em 01/02/2017 às 5:10
Filme com direção de Teodoro Poppovic e Paulinho Caruso desafia o público a encarar uma comédia 'diferentona' Foto: Foto: Downtown Filmes/Divulgação


Uma comédia que foge do óbvio. Esta é uma certeza que se pode ter a partir do momento em que se dedica 105 minutos para assistir TOC – Transtornada Obsessiva Compulsiva nos cinemas. Estrelada por Tatá Werneck, o enredo e os personagens construídos superam todas as expectativas de algo previsível. O que não significa, necessariamente, ser um aspecto de todo positivo.

Na apresentação à imprensa no Rio, o diretor Teodoro Poppovic disse que TOC “é um filme de nerd”. E de fato é. As piadas do filme ora são gratuitas, ora intelectuais. E isso vai desde Tatá Werneck cantando Timbalada no avião até citações ao poeta Maiakovski. Numa linguagem próxima de videoclipe, as emoções do enredo também oscilam de forma brusca.

As cenas do sonho de Kika K (Tatá) sobre o que seria a novela ‘pós-apocalíptica’ Amorgeddon tem um quê de Mad Max pela boa fotografia, edição, figurino e trilha sonora, mas logo o espectador é situado numa comédia nacional com palavrões, testículos flechados e a atriz decadente tentando ser heróica com a tosca (e engraçada) frase de efeito a la Mussum: “Pode irtes, não serás mais estrupardis”.

A crítica aos galãs de televisão personificada em Caio Astro foi um achado. O compulsivo sexual (no sentido mais sem noção da palavra) mostrou um lado cômico do ator Bruno Gagliasso até então desconhecido. E até Vera Holtz, veterana no meio do elenco jovem, não fica deslocada e deu à empresária Carol o timing correto de humor. As curtas aparições de Ingrid Guimarães (como ela mesma) e do pernambucano Pedro Wagner, como o ghost writer Arthur Glicério, fazem toda a diferença no longa. (Este último, inclusive, brilha sozinho na "reveladora" cena pós-crédito).

BOAS INTERPRETAÇÕES

Vladimir, o “príncipe nerd” do filme interpretado por Daniel Furlan se sobressai pela química com Tatá, que imprime as emoções corretas em cada cena, fugindo do caricato. A sequência em que se revela a frustração e a depressão de Kika K ao som de Ouro de Tolo, de Raul Seixas, Werneck mostra uma melancolia que convence, sendo uma das tomadas mais interessantes do longa.

Também é divertido acompanhar a cena pseudo-romântica de Vladimir e Kika K dançando a música Eva num karaokê barato. Quando o vendedor de livros define a canção como “um axé sobre o holocausto nuclear” soa muito autêntico, ao mesmo tempo em que a atriz frustrada tenta superar um de seus TOCs. E Luiz Lobianco surpreende com o seu obcecado Felipe, principalmente na sequência de maior tensão da história.

Para um filme de comédia que tem ação, suicídio, drama e loucura no nível mais doentio, TOC - Transtornada Obsessiva Compulsiva ousa em trazer um humor fora da caixa. Resta saber se o público vai entender a proposta do longa.

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