A poesia de Gregorio Duvivier entre o lirismo e o humor

Um dos criadores do canal Porta dos Fundos, o escritor e ator carioca lança seu segundo livro, Ligue os pontos
Diogo Guedes
Publicado em 28/11/2013 às 6:07
Um dos criadores do canal Porta dos Fundos, o escritor e ator carioca lança seu segundo livro, Ligue os pontos Foto: Renato Parada/Divulgação


O ator e roteirista carioca Gregorio Duvivier – sim, uma das estrelas do grupo de humor Porta dos Fundos, além de séries, filmes e peças – tem uma faceta menos conhecida: a de poeta. Ele lançou recentemente seu segundo livro, Ligue os pontos: poemas de amor e big bang (Cia das Letras). Nesta entrevista, comenta a obra e fala dos planos futuros.

JORNAL DO COMMERCIO – Você é formado em Letras, mas já era ator quando começou o curso. A literatura tinha um papel grande na sua vida nesse momento? Quando começou a escrever poemas?
GREGORIO DUVIVIER –
A literatura sempre teve um papel muito importante na minha vida. Sempre gostei de ler tudo, especialmente baixa literatura: história em quadrinhos, romances policiais, RPG. Comecei a escrever na faculdade, graças a um excelente professor, o Paulo Henriques Britto. Ele ensinou, entre outras coisas, as formas clássicas: sonetos heroicos, sáficos, redondilhas. Você aprende a dominar a métrica para depois, se quiser, abandoná-la. Todo poeta deveria aprender essas coisas. Aliás, todo artista. A restrição é uma coisa muito libertadora.
 
JC – Você trabalha em Ligue os pontos com uma linguagem simples e com o cotidiano e as paisagens afetivas da sua vida, algo recorrente em jovens poetas da sua geração, como Alice Sant’anna, Bruna Beber, Ana Guadalupe. Trabalhar com a simplicidade é uma opção da sua poesia? Por quê?
GREGORIO –
Adoro essas três poetas que você citou. A simplicidade é, pra mim, o valor maior. Gosto muito dos poetas que trazem a vida pra poesia, e vice-versa. Não gosto de linguagem empolada, de referências obscuras nem preciosismos verbais. A boa poesia, como diria Cortázar a respeito do conto, tem que vencer por nocaute.
 
JC – Neste ano, você fez um vídeo para divulgar Vida, de Leminski. É um autor que está presente na sua vida? Vejo um certo humor e sensibilidade em comum na poesia de vocês.
GREGORIO –
O Leminski é um mestre. A poesia dele combina perfeitamente humor e profundidade. E tudo isso com um imenso poder de síntese. Vence por nocaute. É um poeta muito atual, do qual não consigo escapar. Ninguém consegue escapar. Está tudo ali. É aquela poesia como toda a poesia deve ser: ajuda a viver.
 
JC – Entre o seu primeiro livro (A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora) e Ligue os pontos, há uma diferença marcante: o sucesso do Porta dos Fundos. Algo mudou no seu processo de criar, nestes cinco anos? A recepção de leitura tende a ser bem maior?
GREGORIO –
O processo é o mesmo. O que mudou é que conseguimos provar que existe público para diferentes tipos de humor. Durante um tempo, se acreditou que o Brasil não tinha vocação para humor triste. A única vocação do brasileiro era para comédia erótica, para chanchada. A televisão ajudou a difundir essa ideia. Hoje em dia, já está claro que não: existe espaço para todos os tipos de humor. O sucesso do Porta provou a popularidade do humor nonsense. Com esse livro, quero provar a popularidade do humor poético. E da poesia com humor.

Leia a entrevista completa no Jornal do Commercio desta quinta (28/11).

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