José Miguel Wisnik faz palestra no Recife sobre Drummond e a mineração

O evento faz parte das atividades da exposição 'Minas', da Fundação Joaquim Nabuco do Derby
JC Online
Publicado em 24/04/2019 às 11:39
O evento faz parte das atividades da exposição 'Minas', da Fundação Joaquim Nabuco do Derby Foto: Foto: Renato Mangolin/Divulgação


A poesia de Carlos Drummond de Andrade sempre revelou a sua ligação íntima com a sua terra, a Itabira, tanto quanto “retrato na parede” como vivência da infância. A cidade, localizada no quadrilátero ferrífico, não apareceu no entanto como mera nostalgia na sua obra: era também alvo de um olhar crítico, principalmente por conta da mineração que transfigurava, sem amarras, a paisagem.

O escritor, músico e ensaísta José Miguel Wisnik foi quem notou esse ligação mais do que casual da poesia de Drummond com a crítica à mineração desenfreada (e especificamente à Vale do Rio Doce). A sua pesquisa resultou no livro Maquinação do Mundo: Drummond e a Mineração (Companhia das Letras), lançado ano passado. Nesta quarta (24), a partir das 19h, ele vem para ao Recife fazer uma palestra sobre o assunto na Fundação Joaquim Nabuco do Derby.

Intitulada Drummond e as Fraturas Expostas da Mineração, a palestra faz parte da exposição Minas, que conta com obras de Cláudia Andujar, Harun Farocki, João Castilho, José Rufino, Júlia Pontes, Mabe Bethônico, Pedro David, Rugendas e William Kentridge sobre o rompimento de barragens em Minas Gerais. A mostra ocupa a Galeria Vicente do Rego Monteiro até 18 de maio e conta com curadoria de Moacir dos Anjos.

O LIVRO

No livro, Wisnik percorre a linguagem exploratória do ensaio para notar esse conflito do poeta com a Vale desde a sua fundação, em 1942. Com o rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, muitos viram circular o poema “O Rio? É doce./ A Vale? Amarga./ Ai, antes fosse./ Mais leve a carga”, que já revelava a faceta crítica do autor em relação à mineração predatória.

Wisnik mostra como a “maquinação do mundo” de Drummond estava intimamente ligada a Itabira não só como mitologia da infância, mas como processo histórico. Assim, o ensaio traz essa leitura do século 20 no Brasil através da poesia, resgatando a dimensão critica da escrita de Drummond – tudo isso com a prosa repleta de imaginação crítica e um olhar disposto a novas interpretações.

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