Para o escritor Mário Hélio, esta obra representa uma troca de vozes e exige uma leitura dramática. “Assim como O Cão Sem Plumas, temos em Morte e Vida Severina o elemento muito forte de comparação, do homem severino que se espelha no rio”, avalia. “O Severino de hoje é esse que é tantos de nós, aquele que está à margem dos núcleos de poder”, acrescenta a pesquisadora em literatura brasileira Raíra Maia. “A ideia de tensão em João Cabral de Melo Neto não opera apenas no discurso, ela se faz também enquanto poema. A poesia não age como mero suporte de um discurso político. Não é apenas o que é dito mas também a forma como ele diz”, complementa.
Naquela mesma entrevista de 1974, João Cabral também refletiu sobre o papel social do literato. “Tanto o poeta quanto o prosador é responsável diante do resto da humanidade pelo que diz. Portanto, tenho a impressão que, para o sujeito que nasceu com a aptidão de usar as palavras, a primeira obrigação dele é dizer a verdade.”