Nesta segunda (12), a mais famosa cirandeira do Brasil, Lia de Itamaracá, completa 71 anos. Deveria haver festa na ilha do Litoral Norte do Estado, mas não vai acontecer. O motivo: há um ano, às vésperas do grande festejo de 70 anos, o Centro Cultural Estrela de Lia, na Praia de Jaguaribe, onde a Rainha da Ciranda realizava seus shows e dava oficina a jovens e crianças desabou com uma ventania. Desde então, a artista, entre shows e apresentações, tenta a todo custo reconstruir seu palco. Já recorreu ao governo, que prometeu mas nada fez até então, e agora ela resolveu criar um financiamento coletivo online para arrecadar dinheiro e realizar a obra.
Através da página www.catarse.me/cirandarasmaos, fãs e admiradores da obra de Lia poderão ajudá-la a reconstrui o espaço cultural por meio do conhecido “crowdfunding”. A obra completa está orçada em aproximadamente R$ 150 mil, que tem ser arrecadado até 8 de fevereiro. No Catarse, Lia precisa juntar R$ 170 mil, pois 13% do valor é uma taxa cobrada pelo site. O financiamento pode ser feito de R$ 25 a R$ 15 mil reais.
“Com o dinheiro, vamos reerguer o palhoça da ciranda, o palco, construir banheiros, um espaço para exposição e oficinas e reformar a cozinha onde Lia trabalha e também dá aulas”, explica o produtor Beto Hees. “Se tivesse palhoção, ia ser uma festa de arrombar navio”, completa Lia.
O Centro Cultural Estrela de Lia foi erguido há 18 anos para acolher as rodas de ciranda realizadas pela cantora. No final da década de 1990, o espaço virou destino de estudantes, turistas, artistas e pesquisadores, além de diversão para os moradores da ilha.
Cantora desde os 12 anos, foi por décadas merendeira em uma escola pública da ilha e é famosa mundialmente. Em 2013, a cirandeira foi um dos personagens do especial Pernambuco Vivo, do Jornal do Commercio, que perfilou 30 artistas e grupos de cultura popular que têm o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.