Juventude liberta a banda Ave Sangria para novos voos, afirma Almir de Oliveira

Em entrevista à TV JC, integrante da banda e Marco da Lata falam sobre retorno da Ave Sangria e relação com nova geração de fãs
Alef Pontes
Publicado em 02/03/2015 às 6:22
Em entrevista à TV JC, integrante da banda e Marco da Lata falam sobre retorno da Ave Sangria e relação com nova geração de fãs Foto: Tato Rocha/JC Imagem


“Em 1974, nos éramos jovens e os mais velhos, além de proibir o disco, nos prenderam em um cárcere cultural. Agora, nós somos os mais velhos e os jovens libertaram a Ave Sangria dessa prisão, nos colocando novamente no palco”. Esta declaração é de Almir de Oliveira, integrante da banda Ave Sangria, que 40 anos após sua última apresentação, realizada no Teatro de Santa Isabel, retornou ao mesmo palco, no fim do ano passado. 

O show, realizado em setembro, marcou o retorno do grupo à ativa, juntamente com o relançamento do álbum homônimo, censurado pelo regime militar na época, e lançamento do registro inédito do último show realizado antes do hiato, Perfumes y baratchos, ambos pelo selo Ripohlandya. De lá pra cá, a banda já se apresentou no Sesc Belenzinho, em São Paulo; Festival da Macuca, em Correntes; realizou duas apresentações seguidas no Estelita, no Recife; e acaba de retornar de show no festival Psicodália, em Curitiba.

Segundo o ex-baixista da banda, que agora vem atacando no violão, essa agenda corrida se deve a atenção de um público jovem, cada mais presente e atento ao trabalho do grupo. “Essa repercussão se deve a própria juventude, que descobriu a Ave Sangria pela internet e veio se comunicando musicalmente através de um CD pirata, que, como não havia um disco oficial, estava cumprindo o papel de divulgar a música da gente”, conta, brincando que o registro informal, feito por fãs, era o único CD pirata legal. 

“Eu fiquei surpreso uma vez, anos atrás, quando eu entrei no Orkut e tinha uma comunidade do Ave Sangria com bem umas mil pessoas. Foi surpresa porque, a rigor, a gente não fez carreira depois da proibição do disco. E isso é incrível, porque a meninada canta todas as letras, conhece nossa história e a dos músicos individualmente”, complementa Almir. 

Segundo ele, uma pergunta frequente à banda é se as apresentações tratam de um revival, mas não, é uma continuação do trabalhado interrompido nos aos 1970. “Nós não temos a ideia de rever e sim de continuar. Inclusive, nós temos músicas, composições que fizemos naquela época, que estão esperando um novo disco. E nós temos a intenção de gravar”, afirma, falando que provavelmente iniciarão um novo registro pelas músicas antigas, que têm o mesmo perfil daquelas que estão no disco da Ave Sangria. “Seria realmente uma continuação, gravar as músicas daquela época e continuar a história que foi interrompida.” 

“Na Ave Sangria, só quem não era compositor era Agricinho, que foi percussionista. Israel faleceu, mas todo o restante continuou compondo. Ontem mesmo eu fiz uma música nova”, conta Almir. Segundo Marco da Lata, um dos responsáveis pelo selo Ripohlandya, e também integrante da banda Anjo Gabriel, se juntar as músicas de todos os integrantes, dá pra fazer uns três discos, pelo menos. Sobre novas apresentações, os fãs podem ficar tranquilos: “Tem tido procura, mas, como é um projeto especial, demanda uma certa atenção”, conta o produtor.

Confira a entrevista completa na TV JC:

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