Após passar por 14 cidades de dentro e fora do Brasil, o Sonora - Clico Internacional de Compositoras chega ao Recife para promover shows e rodas de diálogo com o intuito de fomentar e divulgar o trabalho de mulheres compositoras. O encontro acontece no Terra Café Bar, hoje e amanhã, a partir das 18h, com a presença de intérpretes, instrumentistas, produtoras, jornalistas e demais profissionais envolvidas com a produção cultural local.
No primeiro dia, acontecem as rodas de debate Desenvolvimento de Carreira, com Mery Lemos, Video Mapping e Cenografia, com Mary Gatis, Iluminação de Eventos, com Natalie Revorêdo e Produção de eventos, com Marah Rubia. No sábado, será a vez da Políticas Públicas de Cultura, com Sílvia Cordeiro, secretária da Mulher do Estado, e Audiovisual, com Elayne Bione. Nas apresentações em formato pocket, Patricia Solis, Bia Lócio, Laís de Assis, Jú Vieira, Sam Silva, Dani Carmesim, Riá Oliveira e Catarina Dee Jah, compositoras pernambucanas selecionadas por convocatória na internet, terão meia hora para apresentar canções autorais e conversar com o público sobre processo criativo.
Surgido da iniciativa da musicista Deh Mussulini e da compositora Larissa Baq, o projeto tem a intenção primordial de dissolver a crença de que é escasso o número de mulheres que compõem. “Em cada cidade que recebe o Clico, então, as produtoras formulam uma programação que converse com o contexto de música independente feminino local pra que a partir daí se articule um movimento através do qual as profissionais dialoguem sobre as dificuldades e encontrem soluções. Aqui sentimos que é precisar aumentar o acesso aos bastidores, temos poucas roadies, diretoras ou iluminadoras de palco, por exemplo”, conta Elayne Bione, uma das responsáveis pelo edição Recife junto a Sofia Freire, Mayra Clara e Marah Rúbia.
Jornalista e produtora audiovisual, Elayne considera que a inserção de trabalhos femininos na cidade tem sido ampliada devido à característica de produção coletiva dos novos artistas. “Recife não é mais a cidade do calendário de três grandes festivais ao ano. De quarta a domingo tem shows acontecendo aqui e em Olinda. O que significa que a situação melhorou, mas não se resolveu. Quanto mais colaborativa a cena, mais expansão ela vai alcançar e o Sonora tenta fazer isso com foco nas meninas. Não estamos em “clubes” distintos, mas ainda não tivemos espaços suficiente pra falar sobre isso. Queremos ver mulheres protagonistas de grandes eventos, ocupando todos os espaços”, encerra.
A opinião é compartilhada por Catarina Dee Jah. “Sinto falta de trabalhar com mais mulheres, há uma sensibilidade e empatia que entre nós flui melhor. Não detesto os homens, mas num ambiente predominante masculino a gente é muito mais cobrada - ou porque já esperam por um erro nosso ou por acharem que não damos conta do trabalho”.
Do evento no qual é a mais veterana entre as compositoras, ela espera fortalecimento do caminho para o qual direcionou sua criação. “Tenho buscado autonomia sonora e gráfica, quero deixar minha música livre. Ninguém é melhor que a outra, as mais velhas também tem muito a aprender com as mais novas e é bom ter uma plataforma pra trocar ideias e fortificar a cadeia produtiva. Se rolar uma identificação criativa e de caráter, melhor ainda”.
Até o dia 1° de novembro, a produtora espanhola Moiras, idealizadora do Sonora Barcelona, estará recebendo arquivos de áudio e ficha técnica de músicas compostas pelas participantes de todas as edições do Sonora realizadas até então. O material será reunido na coletânea SONORA VOL 1, posteriormente disponibilizada para audição em plataformas de streaming.