Não foi nem um show. Mal subiu no palco aquele menino, filho da uma manicure e popularizado depois de atuar como crooner no programinha sobre Amor & Sexo da nada pequena deusa Fernanda Lima, Pabllo Vittar viu diante de si, no Clube Português do Recife, no Baile do Céu, uma verdadeira romaria. O clube parecia pequeno para tanta gente em devoção. Uma sexta inesquecível.
Corpo simetricamente talhado, voz em falsete, frágil mas aderente, Pabllo mostrou porque é a perfeita tradução da geração lacre. Em seu corpo, não cabem gêneros. A drag, meio menino, meio mulher, não brinca em serviço. Um dos artistas listados pela BillBoard como um dos cinquenta mais influentes do mundo, fez valer cada latinha de Coca-Cola estampada com seu rosto - sinal dos tempos, as loiras das propagandas de cerveja dão vez a essa entidade andrógina, nem isso, nem aquilo, e na falta de definição melhor, lacradora.
Mimentizando Beyoncé, sua ídola de infância, ele subiu ao palco, por volta das duas da matina, embalando um hit atrás do outro. Corpo Sensual era dançado e gritado com a força de uma liturgia. Saiu do palco veloz como entrou, Pabllo deixou atrás de si um vácuo impreenchível. Tarefa dura para Valeska Popozuda seguir a festa que, aquela hora, já começava a ver os raios da manhã.