Por definição, furacão é uma ventania violenta e repentina, um redemoinho de vento. Num sentido conotativo, também é aquilo que chega de forma impetuosa, que “sacode” tudo por onde passa. Assim tem sido a vida da carioca Larissa de Macedo Machado, conhecida artisticamente no Brasil, e hoje no mundo, apenas como Anitta. E foi envolvido por esse “fenômeno” que o jornalista e apresentador do Fofocalizando, da TV Jornal/SBT, Leo Dias, entregará ao público no próximo dia 30 de março, a tão aguardada biografia não-autorizada da cantora pop, intitulada Furacão Anitta (Agir, 2019).
De passagem por Pernambuco, Leo esteve nesta terça-feira (19) no Sistema Jornal do Commercio de Comunicação para divulgar sua publicação nos mais diversos veículos. E em todas as entrevistas, ficava uma certeza: as 160 páginas de seu livro prometem expor uma Anitta (e uma Larissa) que poucos conhecem.
A começar, acreditem, pelo fim do livro, um dos primeiros capítulos que Leo Dias começou a escrever. “Eu ficava pensando: ‘Não seria melhor esperar um tempo para escrever sobre Anitta? Até porque, ela está muito nova!’. Mas nas minhas conversas com ela, eu descobri que ela não vai terminar a carreira tarde, e sim, agora. Se ela fosse encerrar com 60 anos, dava para esperar. Mas ela vai terminar daqui a pouco. Quando tiver pouco mais de 30 anos, ela vai parar. E isso está no livro”, antecipa o jornalista para o Jornal do Commercio.
Este último capítulo, inclusive, que tem o título Sabe o Pelé?, segundo o biógrafo, explica porque a aposentadoria de Anitta, hoje aos 25 anos, está tão próxima de acontecer. “O livro encerra falando de como Anitta lida com a velhice, como ela se imagina velha. E ela diz o seguinte – num dos poucos momentos em que temos um discurso da Anitta em primeira pessoa: ‘As pessoas não vão me ver velha requebrando a bunda no palco. [...] Sabe o Pelé? Ele foi Rei, ele brilhou e tchau’. E é isso que vai acontecer com Anitta. Ela vai ser Rainha, vai brilhar e tchau. Ninguém vai ver Anitta caindo”, assegura Leo.
O trabalho de pouco mais de um ano, junto com dois redatores e um editor, fez com que Leo buscasse, além da própria artista, depoimentos das mais diversas fontes: mãe, tios, irmão, inimigos, amigos de infância, ex-namorados, ex-marido e até mesmo o pai de santo da cantora, revelando outro detalhe: a sua grande devoção e respeito pelo candomblé.
“Muita coisa me surpreendeu. Muita. Uma delas foi a tamanha entrega à sua religião. Ela pediu muito cuidado com isso, para não acabar com o refúgio dela. Ela não queria que isso fosse muito exposto. Mas mesmo com muito medo disso, ela confiou em mim e me passou o telefone de seu babalorixá, que a acompanha desde os 17 anos”, diz o jornalista.
Além do capítulo dedicado à sua religião, que promete ser um dos mais comentados, haverá o Muy amigas! sobre suas inimizades, sobre os homens de sua vida, e muito mais. Leo também revela que a publicação não segue um tempo cronológico ou linear, mas pontua momentos únicos da estrela pop.
Outro capítulo decisivo relatado na obra é a gênese de seu primeiro grande hit Show das Poderosas que, segundo o jornalista, envolve uma história nada glamourosa.
“Quando Anitta fez sua primeira cirurgia plástica, a Kamilla Fialho (a antiga empresária dela) mandou ela cantar no Baile da Favorita, organizado pela promoter carioca Carol Sampaio. Anitta falou que não podia, mas ela a obrigou. Ela foi, cheia de dor, com os pontos no seio entreabertos. Quando ela cantou, o ponto estourou, sangrou, e ela mal conseguia se mexer. E a Carol, que já tinha uma ‘treta’ com a Kamilla, ficou zombando da Anitta no palco. Disse que ela não sabia dançar, zombou do tamanho do nariz dela. Mas Carol diz uma coisa, e Kamilla diz outra dessa situação e, no livro, eu contei as duas versões. A Kamilla ainda diz que a Carol desligou o som da Anitta, que desceu do palco possessa e disse que nunca mais ia cantar no Baile da Favorita. Mas foi por causa desse dia, que Anitta escreveu uma música falando da invejosa, da que incomoda, chamada Show das Poderosas. Foi por causa deste show. Porque a invejosa era a Carol Sampaio, porque a Anitta acreditou na história da Kamilla”, relatou.
Passagens como essa só darão mais peso ao livro que, segundo Leo Dias, também vai revelar mais o lado Larissa: “O público vai conhecer mais da Larissa. A Anitta todo mundo acha que conhece. Mas há uma distinção muito clara ali de quem é quem. Em alguns momentos do livro, eu chamo de Anitta, outros só de Larissa. Quando eu quero ‘botar ela no chão’, eu a chamo de Larissa, para ‘pôr os pés na Terra’. Inclusive, quando ela casou (com Thiago Magalhães), ela tinha duas casas no mesmo condomínio onde ela mora. Ela tem a casa dela, própria, e tinha uma alugada. Naquela casa, só entrava a Larissa. Era a casa dela com o Thiago. Não tinha nenhuma referência à Anitta na residência. Essa distinção que ela faz, eu tentei fazer no livro também”.
O jornalista fez questão de ressaltar que Furacão Anitta não é um mero livro de fofocas. “Eu fiz um trabalho jornalístico. Todo mundo citado no livro teve direito a resposta”, conta Leo, que teve pessoas procuradas por ele que se recusaram a se defender de coisas ditas no processo de apuração.
Com lançamento no Recife marcado no dia 13 de abril, em local a definir, o livro de Leo Dias também põe em evidência a forma com que ele, enquanto jornalista de entretenimento, gosta de fazer o seu ofício. “O não-autorizado é mais próximo do meu trabalho. Eu nunca dependi de assessoria de imprensa para nada. Se eu for depender de assessoria, do que o artista quer falar publicamente, eu morro de fome. Não é ‘o proibido’, mas quando eu descubro, é muito mais instigante. Tanto para mim quanto para o leitor”, entrega.
Para fãs, não fãs, ou aqueles que veem nela um case de marketing de sucesso, Furacão Anitta é uma bússola para entender mais que a formação de um poderoso fenômeno do pop. A obra coloca holofotes onde mais se desperta interesse do público: quando eles se apagam dos palcos.
Furacão Anitta, de Leo Dias (Agir, 2019) – 160 págs. Preço sugerido: R$29,90