54% das residências têm transporte privado, diz Ipea

Santa Catarina e Paraná, além do Distrito Federal, aparecem com maior porcentual de posse de veículos privados
Do JC Online
Publicado em 24/10/2013 às 14:34


Mais da metade dos domicílios brasileiros, 54%, dispõem de automóveis ou motocicletas para os deslocamentos de seus moradores. O dado consta do Comunicado Indicadores de Mobilidade Urbana da PNAD 2012, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quinta-feira (24). Segundo o documento, o dado retrata a mudança do perfil de mobilidade da população brasileira, cada vez mais estruturado no uso de veículos privados. "De 2008 para 2012, por exemplo, o porcentual de domicílios que possuía automóvel ou motocicleta subiu nove pontos porcentuais (45% em 2008 para 54% de posse em 2012), sendo que as motocicletas tiveram o maior incremento no período" diz o comunicado.

O estudo destaca, no entanto, que, se por um lado esse dado indica que a população, incluindo os segmentos de menor renda, está tendo acesso a esse bem durável, por outro, "significa grandes desafios para os gestores dos sistemas de mobilidade, em função da maior taxa de motorização da população brasileira, com reflexos diretos sobre a degradação das condições de mobilidade de todos (maior poluição, acidentes e congestionamentos)".

Esse desafio torna-se ainda maior tendo em vista que uma grande parte da população ainda não tem veículos privados à disposição. "O que indica uma possível piora das externalidades negativas do transporte individual nos grandes centros urbanos, principalmente nas regiões com menor porcentual de motorização (Norte e Nordeste), nos próximos anos", destaca o comunicado.

Observando os dados sobre posse de veículos por unidade da Federação, Santa Catarina e Paraná, além do Distrito Federal, aparecem com maior porcentual de posse de veículos privados. Em Santa Catarina, 74,3% dos domicílios têm transporte privado; no Paraná, 67,7%; e no Distrito Federal, 64,1%.

Com relação ao tempo de deslocamento de casa para o trabalho, o estudo aponta que grande parte da população (66%) gasta até 30 minutos no percurso diariamente. Mas a tendência, destaca o documento, é de piora em função do crescente aumento da taxa de motorização da população, o que demandará grande investimento dos governos nas próximas décadas, em contraposição à ausência das últimas décadas.

O trabalho mostrou ainda que as políticas de auxílio ao transporte, como o vale-transporte, atingem pouco as classes sociais mais baixas. "Os dados apontam também para a necessidade de se criar novas políticas públicas que venham a beneficiar os deslocamentos das pessoas com maior vulnerabilidade socioeconômica", destaca o texto.

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