Alguns setores despontaram como ilhas e aumentaram suas receitas em 2016, enquanto o País vivenciava uma das maiores recessões de sua história. E devem continuar no mesmo ritmo em 2017. A geração de energia solar e alguns serviços da área de tecnologia estão nesse grupo em que a crise não bateu na porta.
A geração solar ocorre de duas formas: a centralizada, na qual são implantados parques para produzir uma grande quantidade de energia, e a distribuída, formada por pequenos sistemas que geram energia que compensa o consumo geralmente feito pelo dono do sistema.
No início do ano passado, a geração distribuída solar fotovoltaica tinha 1.750 sistemas no País. Até novembro de 2016, esse número subiu 6,5 mil sem incluir os dados consolidados de dezembro último, segundo o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia. Foi um crescimento de 270%.
“Isso demonstra claramente que a geração distribuída solar fotovoltaica avança mesmo em tempos de incertezas econômicas e políticas no País, comprovando sua solidez como uma tecnologia de grande potencial e oportunidade real de redução de custos para a população e as empresas brasileiras”, diz Sauaia. Em Pernambuco, há 165 pequenos sistemas solares, dos quais 108 foram instalados em 2016.
A geração centralizada – com os grandes parques solares – foi impulsionada pela resolução de nº 687 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que passou a permitir a implantação de parques de geração compartilhada nos quais a energia gerada pode ser compensada na conta de vários usuários ao mesmo tempo. No Estado, essa medida fez tirar do papel pelo menos dois empreendimentos. Um em Gravatá, construído pela empresa Insole, e o outro em Tacaimbó, a ser instalado pela companhia GlobalSun, também com sede em Pernambuco.
O impacto foi tanto que a Insole pretende dobrar o faturamento este ano, comparando com a receita de 2016, estimada em R$ 12 milhões. A empresa vai implantar 20 pequenas plantas de geração solar compartilhada até o primeiro semestre de 2018. Nesse modelo de negócio, o parque é bancado por um investidor e os clientes compensam a produção de energia na conta de luz, conseguindo uma redução que varia de 23% a 25% do valor pago na tarifa mensal.
Já a GlobalSun está implantando um parque solar num terreno com 300 hectares. Inicialmente, serão instaladas placas solares em 12 hectares. Em 2016, a companhia implantou cinco projetos. “A nossa expectativa é de um aumento de 500% no número de projetos”, revela o diretor da empresa, Bruno Herbert.
“Energia elétrica, principalmente solar, deve continuar crescendo. As primeiras previsões apontam um aumento da produção agrícola brasileira nas safras de soja, milho, algodão e de feijão”, comenta o economista do Santander Rodolfo Margato. O aumento da safra de feijão traz outra coisa boa: o grão deverá deixar de ser o vilão da inflação e o preço baixar.
Para o presidente da Associação das Empresas de Tecnologia de Informática (Assespro-PE), Italo Nogueira, o ano de 2017 não será fácil. Mas continuarão crescendo acima da média as empresas de TIC que oferecem soluções para o mundo financeiro e na área de logística. Ele cita, por exemplo, uma das startups que mais se destacaram no Recife em 2016. “Ela desenvolveu uma solução de roteirização na área de logística que resultou numa diminuição de custo de 15% a 20% na entrega da mercadoria”, diz.