Chile, Paraguai, Uruguai, Argentina, Estados Unidos e boa parte da Europa são alguns dos destinos já carimbados no passaporte do advogado Antônio Cunha, 62. Em abril, mais uma viagem está prevista em seus planos, mas com foco em uma experiência além do turismo. Acompanhado da esposa, a aposentada Eliane, 64, o advogado embarca para o Canadá em um intercâmbio para estudar francês durante 45 dias.
A opção de sair do País para aprender um novo idioma ou outros temas de interesse, como gastronomia e arte, tem sido cada vez mais comum nessa faixa etária. O aumento da longevidade no Brasil, a busca por uma viagem de imersão cultural ou, ainda, a realização de um sonho da juventude, figuram entre as principais razões para a escolha do intercâmbio.
“Atendemos principalmente pessoas que já viajaram, mas nunca fizeram intercâmbio e procuram viver o destino de outra forma, frequentando uma escola, passando mais tempo no local. Por ano, enviamos cerca de quatro idosos para o exterior”, afirma a diretora da Wide Intercâmbio, Bárbara Coelho.
Idosos podem ser incluídos em programas regulares de adultos ou específicos para a faixa etária. No primeiro caso, grande parte dos cursos ofertados são de línguas estrangeiras e especializações como pós-graduação e MBA nas áreas de negócios, gestão, jurídica, entre outros. Já no segundo, além do estudo de uma língua estrangeira, há programações culturais e históricas.
“Há casos de pessoas que fazem intercâmbio na Espanha e aprendem espanhol e dança flamenca. Outra opção é gastronomia na Itália, ou um curso que aborda história da arte, sempre no idioma estrangeiro”, conta a diretora da STB Recife, Marina Motta. Na agência, cerca de 10% do público que busca viajar é de idosos.
A maioria dos indivíduos acima dos 60 anos escolhe cursos de curta duração, entre duas e quatro semanas. Foi o caso do advogado Antônio Cunha. “Eu e minha esposa viajamos muito, mas às vezes deixamos de fazer alguns passeios por causa da dificuldade de comunicação. Então decidimos fazer uma imersão de 45 dias. Vou estudar francês e ela, inglês”, aponta Cunha, que ficará em Montreal. “Claro que também vamos aproveitar para viajar e conhecer locais como Quebec e Toronto”, completa.
O Canadá é, inclusive, um dos destinos preferidos dos intercambistas da terceira idade, principalmente por seu custo benefício. A Europa também é requisitada, com destaque para países como Inglaterra, Itália e Malta, por sua região praieira.
Um intercâmbio na terceira idade pode melhorar a qualidade de vida e a saúde do idoso. “Quando vive uma experiência como essa, a pessoa começa a se cuidar mais, porque quer acompanhar toda a programação. Então, ela passa a se alimentar melhor, fazer atividades físicas e apresenta melhor adesão ao tratamento de problemas que já possui, como uma pressão alta ou diabetes”, explica a geriatra Carla Núbia Borges. Ainda de acordo com a médica, o estudo de línguas estrangeiras na velhice retarda o aparecimento de doenças como o Alzheimer em até cinco anos.