O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do terceiro trimestre de 2019, divulgado na terça-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), será revisado pela instituição após a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) ter apontado nova mudança nos dados das exportações. No entanto, o instituto só incorporará as revisões de dados das exportações brasileiras na divulgação do fechamento do ano, prevista para o dia 4 de março de 2020. Apesar disso, não deve haver mudança significativa no desempenho da atividade econômica do período, acredita o IBGE.
"O panorama não vai mudar em nada. Não muda a avaliação conjuntural. O PIB vai continuar a crescer por conta do consumo das famílias e da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB)", garantiu Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
A explicação do IBGE foi feita após a publicação de um artigo do jornal britânico Financial Times, que colocou em xeque a divulgação dos dados do governo. Sob o título "Falha nos dados econômicos brasileiros desperta preocupações entre analista", o texto questionava a confiabilidade das estatísticas em decorrência das recentes revisões feitas pelo Ministério da Economia sobre os dados das exportações - que poderiam levar a uma revisão também do resultado do PIB.
Em 28 de novembro, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia anunciou uma revisão dos dados das exportações brasileiras em novembro. As exportações somaram US$ 13,498 bilhões até a quarta semana, e não US$ 9,681 bilhões, como informado originalmente pela Secex, uma diferença de US$ 3,817 bilhões. Após a correção, o saldo da balança comercial no mês passou de um déficit de US$ 1,099 bilhão para um superávit de US$ 2,717 bilhões. Na segunda-feira, o órgão voltou a retificar informações anteriores, desta vez os dados de setembro e outubro.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na quarta-feira (4) que as revisões em um curto espaço de tempo geram insegurança e desconfiança do investidor. Maia acrescentou, porém, que não estava questionando o mérito das decisões, mas destacou que o problema é o tempo entre as revisões. "O problema é que uma decisão no fim de setembro e outra no início de dezembro geram no mínimo desconfiança e insegurança", disse o deputado.