Atualizada às 21h03
Implantar uma montadora em um Estado onde não havia qualquer indústria semelhante é uma missão robusta. Mas a proximidade da inauguração oficial – no dia 28 deste mês – mostra que a Jeep já contornou boa parte das dificuldades inerentes a esse contexto. Agora, ela e as 16 empresas que compõem seu parque de fornecedores vão focar esforços para o que pode ser um de seus maiores desafios: achar gente para chegar à multidão de 10 mil empregados que vão fazer a fábrica girar a pleno vapor até 2017.
Recentemente, Pernambuco só viu números maiores que esse no auge da construção da Refinaria Abreu e Lima, que abrigou cerca de 40 mil operários. Mas o que acontece em Goiana e entorno, na Mata Norte, tem características bem diferentes. O parque da Jeep terá 10 mil pessoas trabalhando diretamente na operação, enquanto a refinaria – se for terminada – terá 1.500. Comparações à parte, a Jeep reuniu ontem representantes de seus 16 parceiros na primeira visita da imprensa ao Parque de Fornecedores. Entre as informações apresentadas, está o andamento das contratações: já são 2.300 pessoas, 79% do Nordeste. Somados aos da própria Jeep, são quase cinco mil contratados atualmente. Número que vai dobrar no funcionamento pleno da produção.
Um dos destaques do parque é a Lear. O vice-presidente de Vendas, Tiago Pagotto, não revela valores, mas assegura que o investimento em Pernambuco é o maior este ano entre as 250 unidades em 36 países. Hoje eles têm 700 operários, querem fechar 1.100 até o fim do ano e chegar a 1.400 para manter a Jeep abastecida em seu pico de produção. Do quadro funcional hoje, mais da metade é formado por mulheres e 50% são da área de costura. Para conseguir que essas pessoas entrassem nos padrões que a Lear precisa, foi necessário um ano de planejamento. Recrutadores de São Paulo e Minas vieram para a seleção, profissionais de outros países vieram para ensinar as técnicas e muitas contratadas foram treinar no México e na Itália. E a busca continua. A empresa vai a escolas, faz anúncios publicitários nas cidades e mantém o e-mail selecaogoiana@lear.com aberto a currículos. Entre os desafios, está convencer pessoas que não têm qualquer experiência em costura e homens a entrarem na produção. “No caso dos homens, precisamos especialmente no couro, que exige mais força no manuseio”, pontua o gerente da Planta de Goiana, Luciano Caldeira.