Os efeitos da seca foram diferentes na bacia leiteira do Ceará e de Pernambuco

No auge da estiagem (em 2012), o Ceará aumentou em 2% a produção de leite, enquanto em Pernambuco houve uma queda de 39%
Da editoria de economia
Publicado em 28/07/2015 às 8:00
No auge da estiagem (em 2012), o Ceará aumentou em 2% a produção de leite, enquanto em Pernambuco houve uma queda de 39% Foto: Bob Fabisak/ JC Imagem


A seca foi a mesma em todo o Nordeste, mas o impacto na bacia leiteira dos Estados do Ceará e de Pernambuco foi diferente em 2012. No primeiro, ocorreu um acréscimo de 2% na produção de leite, enquanto no segundo ocorreu uma queda de 39%. Mas por que isso ocorreu ? “Há uma diferença no sistema de produção. O Ceará sofreu menos com a estiagem, porque quase a metade do leite produzido lá vem de áreas irrigadas. Isso dá uma segurança à indústria de laticínios. Em Pernambuco, a área irrigada na pecuária é mínima”, resume o diretor da Consultoria Leite & Negócios, Raimundo Reis. 

Segundo ele, as perdas em Pernambuco foram maiores porque além da pouca água o problema foi agravado pela praga da Cochonilha do Carmim, que fez os produtores de leite terem uma perda enorme da palma, um dos alimento fornecido ao gado. 

No Ceará, a irrigação é usada na pecuária para produzir forrageira (plantas que servem de alimento para o gado), como a palma, a cana-de-açúcar, capim e pastagens irrigadas. “O Ceará vem se preocupando com a produção de forrageira há 15 anos, sendo que a palma é uma das alternativas. E lá são usadas outras”, conta. 

Raimundo defende que os pecuaristas do semiárido pernambucano devem fazer algum tipo de irrigação. “Não precisa ter grande volume de água, mas usar bem a que existe em cada propriedade. Se conseguir irrigar apenas um hectare de uma planta forrageira isso pode ser um diferencial imenso numa estiagem”, afirma. Ele foi um dos palestrantes do Fórum Permanente de Convivência Produtiva com as Secas, que ocorreu ontem no Hotel Grand Mercure Recife Atlante Plaza. O evento foi uma realização do Sebrae-PE e da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe). 

As informações divulgadas na palestra mostram os desafios para a agropecuária no semiárido nordestino. “Esses desafios vão exigir um bom nível de educação e de empreendedorismo do agropecuarista para usar tecnologias novas e conhecidas. Esses fatores merecem ser estudados, porque podem trazer mais competitividade aos produtores de leite do Estado”, diz o conselheiro do Sebrae e presidente da Faepe, Pio Guerra. 

Depois da palestra, o secretário estadual de Agricultura, Nilton Mota, argumenta que houve uma recuperação da produção leiteira de Pernambuco que está em 1,7 milhão de litros de leite diariamente. Antes da seca de 2012, eram 2,7 milhões de litros diários. No auge da estiagem (em 2012), ficou em 800 mil litros por dia. 

Mota diz que foi replantada 50% da palma dizimada pela Cochonilha do Carmim com uma variedade resistente à essa praga num investimento de R$ 3 milhões do Estado. Mesmo com as chuvas que estão caindo no Grande Recife, Mota alega que em dezembro deste ano e janeiro de 2016 a situação do Agreste será muito crítica em termos de reserva de água. “Os nossos reservatórios só estão com 13% de água e as chuvas não foram suficientes para melhorar essa reserva”, conta.

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