Começa nesta quarta-feira (3) a 20ª Fenearte, no Centro de Convenções

Maior feira de artesanato da América Latina acontece até o próximo dia 14
Adriana Guarda
Publicado em 03/07/2019 às 6:00
Foto: Foto: Leo Motta/JC Imagem


Está tudo pronto. Nesta quarta-feira (3), às 14h, os portões do pavilhão do Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, estarão abertos para receber os visitantes da 20ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte). O evento segue até o próximo dia 14 com seus 5 mil expositores distribuídos em 800 estandes, além de uma extensa programação de oficinas, palestras, desfiles de moda, salões e arte, mostra de decoração, teatro infantil e polo de gastronomia. Nos 12 dias de evento a expectativa é receber 300 mil visitantes e movimentar R$ 43 milhões em negócios.

Nesta edição comemorativa de duas décadas, o tema da feira será Ciranda de Todas as Artes, em reverência aos homenageados Mestre Baracho (in memoriam), Lia de Itamaracá e Dona Duda (a 1ª cirandeira do Brasil). Este ano foi criado o Dia Estadual da Ciranda, que será comemorado sempre em 10 de maio, comemorando o nascimento do Mestre Baracho. A cenografia da Fenearte faz referência aos homenageados e ao tema, com grandes painéis de fotos de cirandas, imagens dos cirandeiros reverenciados, formas cíclicas e escultura de mãos dadas lembrando a união na ciranda.

A Fenearte conta com a presença de artesãos dos 27 Estados e de 21 países convidados, mas a arte de Pernambuco está em destaque com participação de 72% do total de expositores. Integrada por 64 artistas, a Alameda dos Mestres é uma espécie de abre-alas da feira, numa rua-vitrine com o que é feito de melhor pelas mãos dos artesãos do Estado. Dentre eles estão os mestres Miro dos Bonecos, Marcos de Nuca e Ivo Diodato.

MESTRES

“A Fenearte é o céu de todos os artesãos. É o momento que temos para mostrar e vender nosso trabalho. Muitas vezes a feira chega a nos dar trabalho pelo ano todo, por conta das encomendas e das rodadas de negócios que garantem vendas para depois”, conta Mestre Miro. Do seu ateliê, em Carpina (Zona da Mata Norte), saíram 500 marionetes para vender no evento. “Mas esse número ainda é pequeno e continuamos a produzir durante a feira para repor o que vai acabando”, diz. Os preços das peças variam de R$ 10 a R$ 1 mil.

Mantendo o legado do Mestre Nuca, Marcos de Nuca marcou presença em quase todas as edições da Fenearte a acompanhando o pai. “Graças a tradição deixada por nosso pai e pelo leão de barro que criou junto com minha mãe (Maria), nós conseguimos ter encomenda durante todo o ano, mas é claro que a Fenearte é esperada por todos nós. Esse ano estamos levando 300 peças, sendo 50 assinadas por mim e as demais por meu filho Vinícius, minha esposa Sandra e por minha irmã Lúcia”, conta. Os cobiçados leões de Nuca têm preços que variam de R$ 150 a R$ 1,6 mil”, dependendo do tamanho.

Há 16 anos na Fenearte, sendo seis na Alameda dos Mestres, Ivo Diodato calcula que chega a vender nos 12 dias do evento o equivalente ao resultado de um ano. “Começo a produzir para a Fenearte depois de fevereiro. São meses de trabalho duro pra dar tempo de fazer tudo e ainda chegam os arquitetos, colecionadores e clientes querendo comprar as peças e precisamos repor para levar”, destaca. Feitas em barro, as peças de Ivo têm os pés grandes e a falta de rosto como marca. No início os pés faziam referência ao quadro Abaporu de Tarsila do Amaral, mas com o tempo ganharam outro significado para o artista. “Os pés grandes representam o equilíbrio e às vezes um é maior do que o outro, lembrando que é preciso dar o primeiro passo. Já a falta de rosto é para que cada um veja a expressão que quiser”, explica. Este ano Ivo está levando 60 peças para a feira, com valores entre R$ 200 e R$ 1,2 mil.

OFICINAS E PALESTRAS

A Fenearte também é um espaço de aprendizado e estímulo ao potencial da economia criativa em Pernambuco. Nos 12 dias do evento serão realizadas oficinas e palestras com proposta de preservar a memória das tradições populares do Estado, além de suscitar reflexões sobre inovação e melhoria na produção.

Inéditas nesta 20ª edição da Fenerate serão oferecidas 13 oficinas gratuitas, cada uma com duas turmas, sobre bordado livre, alfinin, máscara de urso, reciclagem de papel, bonecas Abayomi, bumba meu boi em PET, artesanato em couro de tilápia, renda com bilros, xilogravuras, tapeçaria, mini estandartes, tapeçaria sustentável e linhas pingouin (crochê, tricô e macrame).

Realizadas no Espaço Intervenção Janete Costa, a programação de palestras vai trazer discussões sobre design, artesanato, decoração, curadoria, design artesanal, projeto cultural, artes plásticas e artes visuais. Uma das palestras mais aguardadas pelos artesãos que participam da feira é a da curadora e historiadora do design e artesanato, Adélia Borges, que vai falar sobre a valorização do artesanato no contexto internacional, no dia 8, às 18h. No mesmo dia, às 16h, o badalado estilista mineiro Ronaldo Fraga vai realizar mentoria com novos criadores de Pernambuco.

As cervejas artesanais de Pernambuco também vão fazer parte da Fenearte este ano, com o Boteco Apecerva, que vai funcionar no mezanino da feira. O espaço vai reunir 16 produtores de cervejas artesanais do Estado. Serão comercializados chopes e garrafas das marcas Babylon, FriedaHaus, GrunsBier, Hellcife, Manguezal, Marcolino, Seis Punhos, Capibabier, DeBron, Duvália, Ekäut, Estrada, Malakoff, Navegantes, RÄYE e Riffen. A expectativa da Associação Pernambucana de Cervejarias Artesanais (Apecerva) é vender 4 mil litros durante o evento.

Foto: Leo Motta/JC Imagem
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