O Brasil chegou à França para a Copa do Mundo de 1998 credenciado pelo título conquistado quatro anos antes. Tinha uma seleção que mesclava a experiência de campeões mundiais, como Bebeto e Dunga, com a qualidade de jovens que despontavam no cenário mundial, a exemplo de Ronaldo, até então com 21 anos. Contudo, a equipe foi derrotada por ela mesma. Graças às vaidades no elenco e ao problema de saúde do Fenômeno. Melhor para França, que soube aproveitar os problemas brasileiros e levantou a primeira taça de sua história.
As rusgas internas da seleção começaram antes da Copa, com o corte de Romário. O baixinho havia sido peça fundamental nos Estados Unidos e estava com uma lesão na panturrilha. Acabou sendo cortado da delegação em decisão conjunta da comissão técnica. O camisa 11 garantiu na época que conseguiria jogar e acabou culpando Zico (um dos auxiliares de Zagallo e responsável por comunicá-lo) pelo seu corte.
A França foi palco para o desfile de grandes craques. Zidane, Suker, Bergkamp, Klinsmann e Rivaldo são exemplos disso. O segundo, aliás, marcou seis gols e recebeu a chuteira de ouro da Fifa. Ele havia jogado o Mundial de 1990, ainda pela Iugoslávia, mas não teve o mesmo brilho. Se destacou justamente na primeira Copa do Mundo da Croácia como país independente.
Mesmo com os problemas dentro do plantel de jogadores, o Brasil estreou bem ao vencer a Escócia por 2x1. Depois aplicou 3x0 diante do frágil time de Marrocos. Perdeu ainda o último jogo para a Noruega, por 2x1, mas avançou para as oitavas como líder do Grupo A.
Enquanto isso a França “voava” na chave C. Goleou a África do Sul na estreia por 3x0, depois a Arábia Saudita por 4x0 e fechou a primeira fase com uma vitória por 2x1 contra Dinamarca, a sensação do Mundial e que chegou às quartas, caindo justamente diante do Brasil. O camisa 10 Zidane passou em branco nos três jogos iniciais. Henry foi o protagonista francês com três gols marcados.
A seleção brasileira passou sem dificuldades pelo freguês Chile nas oitavas de final. Ronaldo e César Sampaio marcaram dois gols cada na goleada por 4x1. O resultado animou ainda mais o time para o confronto difícil contra os dinamarqueses pelas quartas.
A Dinamarca tinha nos pés de Laudrup a esperança de chegar cada vez mais longe na Copa do Mundo. E dificultou a vida dos brasileiros. Abriu o marcador com Jorgense. Bebeto e Rivaldo viraram. A estrela da equipe empatou outra vez. Mas o pernambucano camisa 10 do time de Zagallo marcou o seu segundo no jogo e deu números finais à partida.
O brilhantismo de Ronaldo e Rivaldo ficaram em segundo plano nas semifinais. Coube ao goleiro Taffarel a chancela de herói brasileiro no jogo contra a Holanda. Empate em 1x1 no tempo regulamentar. O placar se manteve inalterado na prorrogação.
Ronaldo, Rivaldo, Émerson e Dunga converteram para o Brasil. Frank de Boer e Bergkamp fizeram para os holandeses. As duas últimas cobranças dos europeus foram defendidas pelo camisa 1. Cocu e Ronald de Boer pararam no gaúcho. O Brasil ia para a segunda final seguida de Copa do Mundo.
Brasileiros e franceses tinham tudo para fazerem uma decisão equilibrada. Contudo, o astro da equipe, Ronaldo, sofreu uma convulsão no dia do jogo e abalou toda a delegação. A escalação divulgada continha o nome de Edmundo como titular. Mas foi o Fenômeno, mesmo com todos os problemas, quem assumiu o ataque. Pior para os visitantes, que estavam visivelmente afetados pelo o que tinha acontecido momentos antes.
A França se aproveitou disso. Zidane, que ainda não havia feito nenhum gol, marcou logo dois no primeiro tempo. Petit, outra estrela daquela equipe, marcou o terceiro no último minuto do jogo. Foi um verdadeiro passeio contra a Canarinho. Adiando o sonho do penta para a Copa da Coreia e do Japão.