Apresentadora da Bahia critica possibilidade de contratação do goleiro Bruno pelo Fluminense de Feira: 'Isso é moral?'

A declaração de Jéssica Senra fez com que o time desistisse do goleiro Bruno
Thalis Araújo
Publicado em 08/01/2020 às 17:44
A declaração de Jéssica Senra fez com que o time desistisse do goleiro Bruno Foto: Foto: Reprodução/Instagram


Na última terça-feira (07), um video viralizou nas redes sociais. Nele, a jornalista e apresentadora do telejornal "Bahia Meio-Dia", da TV Bahia, afiliada da Globo na Bahia, Jessica Senra, externou a sua opinião sobre o interesse do Fluminense de Feira na contratação do goleiro Bruno Fernandes. "Isso é moral?", perguntou. O goleiro Bruno foi condenado a 22 anos e 3 meses de prisão pelo sequestro, assassinato e ocultação de cadaver da ex-amante, Eliza Samudio, com quem teve um filho. O caso aconteceu em 2010. Ainda, na última terça-feira, o time postou uma nota oficial no seu Instagram, afirmando que 'desistiu da contratação do goleiro Bruno Fernandes'.

Jessica se mostrou indignada com a possibilidade de um "feminicida" (termo usado por ela para se referir a Bruno) pudesse voltar a ser um ídolo dos amantes do futebol. "Desejamos e precisamos que pessoas que cometem crimes tenham a possibilidade de refazer suas vidas. Mas, diante de um crime tão bárbaro, tão cruel, poderíamos tolerar que o 'feminicida' Bruno voltasse à posição de ídolo?", perguntou ela.

Para a jornalista, os atletas são referência para o público que os acompanha. "Contratar para um time de futebol um assassino, um homem que mandou matar a mãe do seu filho, esquartejar, dar o corpo para os cachorros comerem é um desrespeito, um desrespeito a todas nós mulheres, é um desrespeito a todas as crianças e adultos que cresceram sem mãe por causa de homens desprezíveis que tiraram a vida de mulheres. É um desrespeito a toda a sociedade", afirmou.

Ainda no vídeo, Senra trouxe os dados do feminicidio no Brasil, onde 12 mulheres são mortas todos os dias. Ela assegura que a possível contratação de Bruno faz com que se pareça permitido o assassinato de mulheres no país. Jessica explica que, para os sociólogos, não basta apenas a prisão de criminosos, mas outros fatores, como a censura e a crítica da sociedade. Para Jessica, estes fazem com que os criminosos repensem sobre os seus atos. "São mais poderosos que o medo da pena", argumenta.

Jessica Senra explica que ela é a favor de que Bruno volte a trabalhar, mas que não ocupe uma posição de ídolo da sociedade. "Na minha visão, o 'feminicida' Bruno pode, e deve, voltar a trabalhar, refazer sua vida, mas não na posição de ídolo. Não alçado socialmente à uma posição de admiração. Um time de futebol que contrata um 'feminicida', como o Bruno, é tão desprezível quanto os crimes que ele cometeu", conclui.

Confira o depoimento de Jessica Senra na íntegra

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Eu acredito na recuperação do ser humano. Acredito que a maioria das pessoas merece outras chances depois que comete erros, porque errar é da essência humana. O perdão é um dos sentimentos mais belos que podemos cultivar. Mas perdoar alguém não significa esquecer o que esse alguém fez nem permitir que esse alguém continue em nossa vida. Perdoar e dar uma nova chance não apaga o que foi feito, não se pode fingir que nada aconteceu. Embora juridicamente o cumprimento de uma pena libera o condenado para seguir sua vida normalmente, é socialmente que precisamos pensar no que toleramos ou não. Nem tudo é apenas questão de lei. Há comportamentos legais que são imorais. Um condenado pode e deve ser ressocializado. Deve merecer uma segunda chance. Mas penso que, depois de um crime tão perverso, voltar a ser ídolo, a estar numa posição que lhe confere status de ídolo, é bastante questionável. Penso que o feminicida deve voltar ao trabalho, mas não no futebol, não como ídolo. Defendo sua ressocialização, mas longe de qualquer torcida. E isso não é a lei que vai decidir. É a sociedade. E se ele tivesse estuprado um bebê? O que os “fãs” diriam? Lembro que há pouco mais de dois anos, jogadores foram flagrados num vídeo masturbando uns aos outros no vestiário de um clube gaúcho. Os quatro jogadores foram dispensados. Seus nomes, inclusive, foram poupados para evitar que eles fossem banidos do futebol. E é bom que fique bem claro: eles não cometeram crime algum, não fizeram nada contra a vontade de ninguém! Mas, absurdamente, a homossexualidade ainda é intolerável no futebol. Ser feminicida é aceitável? O que você pensa disso? #NãoAoFeminicídio

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