Futsal jogado em libras

Time de surdos é um dos destaques do Circuito Paraesporte, que prima pela inclusão social
Do JC Online
Publicado em 31/08/2013 às 19:08
Time de surdos é um dos destaques do Circuito Paraesporte, que prima pela inclusão social Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


A pelada estava animada na quadra do Escola Estadual Professora Galtemir Lins, em Palmares, numa manhã típica do município da Mata Sul de Pernambuco, distante 128 km do Recife. Duas equipes se enfrentavam de igual para igual, mas o jogo tinha uma característica peculiar: estava, diga-se de passagem, menos barulhento que o normal. Um olhar atencioso denunciava que um dos times ia na contramão dos gritos característicos de quem joga futsal. A comunicação era mais discreta, liderada por sinais e gestos com as mãos, mas não menos intensa. A partida era entre um time de surdos contra um que não tinha jogadores com essa deficiência.

Não era qualquer time que estava ali. Erick Pereira, 37 anos, Wellison de Paula, 19, Rafael Silva, 20, Erasmo Silva, 26, Adriano José, 30, e André Lucena, 19, têm muitas histórias para contar. São representantes da equipe de Palmares que foi campeã de futsal em 2010, 2011 e 2013 do Regional Mata Sul do Circuito Pernambucano de Paraesporte 2013. No currículo, vitórias sobre equipes do Cabo, Água Preta, Catende, Ribeirão, Garanhuns, Barreiros, Caruaru, Pesqueira... Além disso, também são prova viva do poder da inclusão social por meio do esporte, ganhando força para serem integrados cada vez mais na sociedade.

“A finalidade do Paraesporte é incentivar alunos com deficiência na prática de esporte, trazendo benefícios para eles. Além da questão da saúde, desenvolve a autoestima, segurança e a questão do convívio com outras pessoas sem deficiência. O objetivo é mostrar que são capazes. O foco são as potencialidades, como as habilidades no futebol, por exemplo, e não a deficiência. A inclusão começa com conhecimento. Incentivamos a participação deles nas atividades com outros alunos”, destaca a fonoaudióloga Hiana Gomes, uma das articuladoras do projeto nas cidades da Zona da Mata Sul.

Entre os dias 21 e 28 de agosto, foram realizados uma série de eventos referente à Semana Estadual do Portador de Deficiência, com depoimentos e oficinas para o aprendizado de libras, a Língua Brasileira de Sinais, e braile. Já a fase final do Circuito será em meados deste mês, em Garanhuns, ainda sem data definida.

A criação de uma rotina de trabalhos é complicada. Um dos maiores problemas do grupo de para-atletas surdos é conseguir quadras para jogar. Principalmente depois da enchente que atingiu em cheio Palmares no ano passado.

“Estávamos mendigando um local para treinar. Como eles estudam em escola estadual, a Grea (Gerência Regional de Educação Especial) começou a ajudar e cedeu a quadra para os treinos das 11h às 13h, horário que não atrapalha as aulas dos outros alunos. Infelizmente, a nossa cidade sofreu com a cheia e não temos espaço físico para fazer trabalhos, não só com os surdos, mas também para outros grupos que queiram praticar esportes”, conta Antonio Netto, professor de educação física e treinador dos para-atletas. Ele acompanha o grupo há cerca de 3 anos.

Participante do time, Erick Pereira destaca que o projeto é bom, mas que a questão dos deficientes tem que ser melhorada como um todo. “Aqui em Palmares, temos dificuldade em praticar e não há professores suficientes para atender aos jovens. Precisamos ensinar crianças surdas desde o início a se desenvolver para que possam ser felizes no futuro”, explica.

Veja a matéria completa na edição deste domingo (1º/9) do Jornal do Commercio.

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