A lycra amarela não é novidade para Ítalo Ferreira. Desde que passou a integrar a elite do surfe mundial, em 2015, o potiguar de Baía Formosa já teve a oportunidade de vestir a cor que identifica o líder do ranking mundial em algumas oportunidades. Nenhuma, porém, com tanto apelo para a conquista do título da temporada como agora. Até a disputa pela taça em Pipeline, que segue até o próximo 20, o nordestino superou lesão e outros imprevistos que o fazem forte candidato. Na disputa, figuram adversários poderosos, como o bicampeão mundial Gabriel Medina, o também compatriota Filipe Toledo e o sul-africano Jordy Smith.
Para não depender dos resultados dos concorrentes diretos, Ítalo precisa vencer a etapa havaiana do Circuito Mundial de Surfe. Do contrário, uma série de combinações de resultados podem, ou não, fazer dele o primeiro nordestino campeão mundial de surfe profissional – o paraibano Fabinho Gouveia foi campeão mundial amador em 1988.
A grande questão é que a diferença na pontuação entre os postulantes ao título é pequena. Ítalo está no topo da classificação com 51.070; Gabriel Medina em segundo, com 50.005; Jordy Smith é o terceiro, com 49.985; Filipe Toledo o quarto, com 49.145.
Ítalo Ferreira começou 2019 com título na etapa de abertura, na Golden Coast australiana. Depois, ficou em quinto em Bells Beach, mas teve a sequência interrompida por uma lesão. Antes da terceira etapa, em Bali, acabou lesionando o tornozelo em sessão de free surf. Ainda assim, foi para a competição e não conseguiu passar da fase eliminatória.
A grande guinada de Ítalo no Mundial ocorreu fora do Circuito. Ele foi campeão do Isa Word Surfing Games, no Japão, em setembro, depois de chegar poucos minutos para o fim da bateria de estreia e surfar de bermuda jeans. Ítalo foi furtado nos Estados Unidos e passou por uma odisseia para estar no evento, por ter ficado sem passaporte. Depois desse título, foi segundo lugar na etapa da França da WSL e, na sequência, ganhou a penúltima etapa do ano, em Peniche, Portugal.