Que o Santa Cruz tem uma grande massa de torcedores, não é novidade. E grande parte deles - pouco mais de 60%, de acordo com mapeamento da Plural Pesquisas de 2015 - vem de origem menos abastada, recebendo até dois salários mínimos. Por essas que se ouve que o Tricolor é o “Time do Povo” e que, em dias de jogos, é dito que “o morro vai descer”. A participação desse aficionado no dia a dia do clube deve ser ampliada de acordo com a reforma estatutária do Mais Querido.
Um dos principais questionamentos acontece na participação dos sócios de categorias abaixo do “Prata Família” - que custa R$ 59,90 e dá poder de voto ao associado nas eleições do Santa Cruz. Quem é afiliado a um plano “inferior” a esse, não vota. Tanto o movimento externo, capitaneado pelo Intervenção Popular Coral, quanto de lideranças internas na Comissão Especial de Reforma do Estatuto, pretendem mudar este cenário no Tricolor.
“Há muito tempo a gente vem trabalhando discretamente nesse propósito de modernizar o clube e avançar em vários aspectos, como uma maior democracia, já que nem todas as categorias de sócios podem votar. E a gente sabe que a maior parte da torcida do Santa Cruz não tem essa capacidade financeira e era excluída do processo de votação. Foi um dos avanços que a gente colocou nas discussões de reforma do estatuto, como a redução do conselho deliberativo, a efetiva participação da oposição proporcionalmente aos resultados da eleição e que a comissão fiscal fosse independente e eleita pelo conselho deliberativo de acordo com a legislação do PROFUT”, explicou o presidente da comissão, Mário Godoy.
Essa mudança vem contando com a participação do torcedor e assim deve seguir no mês de outubro, derradeiro na reformulação do estatuto. No dia 19, o Santa Cruz fará uma reunião aberta à torcida, onde o torcedor presente poderá tirar dúvidas e fazer sugestões sobre as mudanças que deverão acontecer no clube. Até o dia 30 deste mês, o trabalho deve ser finalizado, com a reforma já definida. Mesmo assim, os torcedores que estão encabeçando a luta por essas mudanças querem que suas reivindicações sejam atendidas.
“A gente está analisando esse estatuto e vemos que tem muita coisa boa. Mas tem muita coisa que, no nosso entendimento, falta ser reformado no clube. Se o Santa não adequar ao que a torcida espera, vamos pautar o estatuto exclusivamente pelas mãos da torcida. Caso o estatuto final não seja o que a gente espera, a gente vai continuar no projeto de levar o nosso à votação”, acrescentou o advogado Jhonny Guimarães, integrante do Intervenção Popular Coral.