Alheia à boa fase do time no campeonato Brasileiro, a crise política no Sport ainda perdura. E se agrava. Em entrevista à Rádio Jornal, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Homero Lacerda, fez críticas ao Executivo, ressaltando a crise financeira atravessada pelo Leão e chegando até a acusar a gestão de se apropriar de valores dos próprios funcionários, após não realizar o devido pagamento dos valores referentes ao INSS.
"Até o momento do balanço, o Sport não recolheu o valor do INSS, que é descontado na folha. Isso se chama apropriação indébita. Na linguagem popular, é roubo. O Sport roubou. Se apropriou do dinheiro dos funcionários. A empresa de consultoria alertou ainda que esses números não atendem aos requisitos de investimento ou solicitação de crédito. Hoje, o Sport não pode entrar em nada, não pode ser patrocinado pela Caixa Econômica e não pode ter acesso aos benefícios oferecidos pelo Governo Federal", revelou Homero.
Ainda para Homero Lacerda, o bom momento vivido pelo Sport na Série A não deve servir como motivo para abafar a situação financeira, que considera como complicada. "O Sport está conseguindo uma proeza dentro de campo. O atual departamento de futebol está de parabéns. Mas não é por isso que a gente vai jogar o lixo para debaixo do tapete. A camisa rubro-negra, a torcida, a atual diretoria de futebol, estão conseguindo grandes resultados em campo, mas isso não pode esconder a situação."
Nesta terça-feira, haverá a decisão em segunda instância sobre o pedido de impeachment do presidente executivo do clube, Arnaldo Barros. O processo que pode interromper atual gestão, iniciada em 2017, foi um pedido recolhido a partir da assinatura de mais de 600 associados ao clube. O Conselho Deliberativo, a partir do presidente Homero Lacerda, encaminhou o pedido, mas teve a sequência interrompida por uma decisão judicial em primeira instância, após recurso solicitado pela gestão executiva.
"Nós cumprimos o estatuto. Eu não decidi nada. Cumpri apenas o que determina o estatuto. Eles (executivo) entraram com um recurso em primeira instância e saiu a determinação do juiz anulando a decisão na figura de presidente do conselho deliberativo", afirmou o presidente do Conselho Deliberativo.
"É normal. Nós entramos com um recurso em segunda instância e deve sair hoje a decisão. Eu não estou decidindo nada. O processo de impeachment encaminha o que os sócios pediram. O sócio é o verdadeiro dono do clube", reiterou.
Para Homero, independente do que for decidido em segunda instância, o Conselho deverá seguir a ordem e encaminhar a votação para a assembleia com os conselhieiros. "Se vier, eu cumpro. Aí, eu coloco em votação no próprio Conselho. Se vai haver novo recurso, ou não, o conselho vai decidir se realiza a assembleia, ou não. Além do executivo, o conselho poderá decidir que o associado não tenha o direito de debater uma situação de extrema delicadeza no que diz respeito à situação financeira que o Sport enfrenta hoje", apontou.
O mediador leonino faz ainda um apelo aos conselheiros, para que considerem o atual cenário financeiro do clube antes de decidir em uma possível votação. "Torço para que o Conselho pense e assuma a responsabilidade. Os índices financeiros que recebemos de uma empresa internacional de consultoria refletem a capacidade de pagamento da empresa no ano. Para cada R$ 1 que o Sport deve neste ano, o clube tem 20 centavos em caixa para pagar. Isso é falência irreversível. É insolvência. A longo prazo, para cada R$ 1 que o Sport deve, tem apenas 10 centavos para pagar. É como se um chefe de família devesse R$ 100 mil todo ano e tivesse apenas R$ 10 mil para pagar", apontou.