Subir para a Série A, inegavelmente representa um alívio financeiro substancial para o Sport na temporada 2020. No entanto, o acréscimo de receitas também será acompanhado de uma verdadeira avalanche de cobranças judiciais, ainda reflexo da herança de débitos acumulados até o ano passado.
Os primeiros sinais de alarme já começaram a soar na Ilha do Retiro, com o surgimento das cobranças de Diego Souza e Mark González - que provocou o bloqueio do Leão para novas inscrições de atletas na CBF. E, de fato, é apenas o começo.
Em entrevista ao repórter João Victor Amorim, da Rádio Jornal, o advogado do Sport Manoel Veloso estipula cerca de 30 ações judiciais, entre cobranças de outros atletas, ex-funcionários e fornecedores, entre outros credores, como o goleiro Agenor. Pior ainda, com receitas escassas.
“O Sport não deixa de fazer acordo, ou deixa de pagar alguma dívida porque não quer. Não é um decisão administrativa da gestão. É realmente uma impossibilidade financeira. A gente só pode fazer o que pode, o que tem condição financeira. A gente tem que, infelizmente, escolher a quem pagar e a prioridade é a folha de futebol e a folha administrativa, porque senão o clube para”, garante o advogado do clube.
Ainda de acordo com Manoel Veloso, a atual gestão adotou como compromisso a minimização das dívidas adquiridas pelo clube em gestões anteriores. “Aos poucos, a gestão vai tentando pagar. Por mais que a gente não possa pagar tudo, o compromisso do presidente Milton Bivar é devolver o clube com bem menos dívidas que as que ele recebeu”, garantiu, antes de revelar que o clube está muito perto de quitar todas as dívidas de 2019.
“A folha de novembro foi paga integralmente. Quem não tem mais contrato, não tem mais nada a receber. Deve haver apenas algum resquício de 13° salário, que vai ser pago o quanto antes, assim que as receitas do ano (de 2020) começarem a vir. Mas em termos de salários atrasados, não tem ninguém do ano devendo nada”, destacou o advogado.
Para o presidente do Sport, Milton Bivar, o clube precisará destinar uma verba paralela à folha de 2020 para cumprir dívidas adquiridas. “Vai ter que haver sim. Não a parte da cota (de TV) em si, mas problemas que a gente vai ter que enfrentar. Não adianta botar a poeira debaixo do tapete. Vamos ter que enfrentar e eu fui eleito para isso”, apontou, em entrevista à Rádio Jornal.
A escassez de recurso, inclusive, impede que o Sport possa investir em nomes de interesse no mercado para a temporada 2020, como o do volante Charles. “Temos que ter paciência porque o Sport não tem dinheiro no momento. Qualquer jogador que nós vamos lá ver, eles dizem 'a gente não empresta, a gente vende.' Não tenho condições. O Charles, que a gente estava querendo. 'Quanto é o Charles? É cinco milhões'. E eu tenho dinheiro? Não tenho condição. Como eu vou fazer?”, desabafa Bivar.