Índios jurunas e araras prenderam três funcionários das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte na aldeia Muratu, à margem do rio Xingu, em Altamira, no Pará. Dois engenheiros e um interlocutor para a área indígena do consórcio Norte Energia, responsável pela obra, participaram na terça (24) de uma reunião na aldeia para discutir o represamento do rio. Na manhã desta quarta (25), eles foram avisados que não poderiam deixar a comunidade.
A reunião foi marcada para discutir um mecanismo para garantir que, após a construção da barragem e do alagamento do Xingu, os índios pudessem continuar a ter acesso até a Altamira pelo rio. Líderes jurunas da aldeia Paquiçamba e araras da Volta Grande reclamaram que os funcionários do consórcio deram detalhes técnicos e pouco compreensíveis, segundo informou a organização não-governamental Xingu Vivo. O encontro foi o primeiro de quatro que a Norte Energia marcou com os índios para conseguir o licenciamento da obra de barramento do rio.
Os índios exigem que o consórcio, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) apresentem garantias para manter o transporte fluvial das comunidades tradicionais. Eles querem também a conclusão das obras de um sistema de abastecimento de água para as casas das aldeias e uma nova reunião com o presidente do consórcio, Carlos Nascimento.
Até o começo desta tarde, a Funai se limitou a informar que mandou funcionários "voluntariamente" para negociar a libertação dos funcionários da obras da usina.