O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, foram questionados em entrevista neste domingo (6), sobre o temor de moradores do complexo de favelas do Lins, na zona norte do Rio, ocupado na madrugada para a instalação da 35.ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Estado, de que ocorra nas comunidades uma repetição de práticas tornadas públicas com o caso Amarildo.
O pedreiro Amarildo de Souza, de 43 anos, está desaparecido desde 14 de julho, quando foi conduzido por policiais da UPP da favela da Rocinha, na zona sul, para "averiguação". Dez PMs, entre eles o comandante da UPP, foram denunciados pelo Ministério Público e tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça na sexta, 04, sob acusação de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.
Cabral afirmou que o caso Amarildo "não é a marca das UPPs". "Por um lado lamentamos profundamente a conduta desses policiais mas isso não representa a filosofia da UPP. UPP não é isso, pelo contrário. O método utilizado pelos policiais é uma coisa abominável, mas temos 8,6 mil PMs em UPPs e a esmagadora maioria é querida pela população", disse o governador.
"O caso Amarildo é um caso triste que demonstra que só pôde acontecer o que aconteceu, com investigação e punição, porque temos uma UPP na Rocinha. Quantos policiais, ao longo do histórico de confrontos e de entradas em comunidades, cometeram erros, violências, e a população não teve como se defender? Quantos marginais cometeram barbaridades nas comunidades até a chegada das UPPs?", disse o governador.
Na mesma entrevista, o secretário de Segurança também comentou o caso Amarildo e afirmou que "a polícia que às vezes comete erros é a mesma que pacifica". "Tivemos um problema triste e ruim na Rocinha. O que aconteceu foi elucidado e os policiais estão à disposição da Justiça. A mesma polícia deu uma resposta aos moradores. Não compactuamos com esse tipo de ação. Quantos outros Amarildos têm o Rio e que as famílias não puderam nem reclamar?"