Manifestações artísticas em Ipanema denunciam a violência policial

A intervenção fez parte projeto Somos Todos Amarildo e de mais uma edição do Alalaô, iniciativa que tradicionalmente faz intervenções artísticas no Arpoador
Da Agência Brasil
Publicado em 01/12/2013 às 9:10
A intervenção fez parte projeto Somos Todos Amarildo e de mais uma edição do Alalaô, iniciativa que tradicionalmente faz intervenções artísticas no Arpoador Foto: Foto: Tânia Rego/ Agência Brasil


Um dos cartões-postais mais cariocas, a Praia do Arpoador, em Ipanema, zona sul do Rio, foi palco no último sábado (30) de manifestações artísticas para denunciar a violência policial e refletir sobre as relações humanas. Em uma das performances, 100 quilos de beterraba desidratada foram despejados na praia e coloriram o mar de vermelho em referência à "falta de amor".  

A intervenção fez parte projeto Somos Todos Amarildo e de mais uma edição do Alalaô, iniciativa que tradicionalmente faz intervenções artísticas no Arpoador. A atividade de hoje reuniu onze artistas no fim da tarde.

Ao som de marchinhas que se consolidaram nas manifestações de julho, Ronald Duarte espalhou com ajuda de voluntários a beterraba desidratada na praia, para cobrar mais amor nas relações humanas. “É o que a gente mais precisa contra toda a violência que estamos vendo aí", disse.

Em seguida, um grupo que vestia “blockini”, um espécie de roupa de banho que tampa completamente o rosto, mas deixa partes do corpo a mostra,  tomou um banho no mar vermelho, mesmo sob chuva.  As peças são de autoria da artista plástica Celina Portella, que pretendia estimular a reflexão sobre identidade e sexualidade.  “O que significa cobrir o rosto em um determinado contexto? Ser do Black Block ou de uma religião?”, provocou.

Para lembrar as dez vítimas de uma intervenção policial no Complexo da Maré, em junho, a artista Laura Taves espalhou placas com os números de mortos por auto de resistência (morte em confronto com a polícia) no estado nos anos de 2003 e 2013, 1.195 e  9.907, respectivamente. A proposta era questionar assassinatos cometidos por policiais.

“O auto de resistência é um nome que a PM [Polícia Militar] deu para mascarar as execuções cometidas por policiais”, disse. “Foi criada na época da ditadura para justificar mortes sem legítima defesa das vítimas, como tiros pelas costas”.

Já um grupo de artistas representado por Joana Cseko fez lambe-lambes gigantes com imagens de pessoas desaparecidas. Batizada de Desaparecidos da Democracia no Rio de Janeiro, a instalação escolheu casos que têm em comum o envolvimento da PM.

No caso famoso mais recente, o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, sumiu depois de prestar depoimento em uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Rocinha e policiais são acusados de terem torturado o ajudante de pedreiro até a morte. Os PMS aguardam presos o julgamento. Para lembrar o caso Amarildo, foram  distribuídas máscaras com o rosto do pedreiro.

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