Mercadante: saída de professor acusado de terrorismo do Brasil encerra polêmica

Segundo Mercadante, a UFRJ confirmou que Hicheur manifestou, em email a colegas, a intenção de deixar o Brasil espontaneamente
Da ABr
Publicado em 14/01/2016 às 21:26
Segundo Mercadante, a UFRJ confirmou que Hicheur manifestou, em email a colegas, a intenção de deixar o Brasil espontaneamente Foto: Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil


O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, confirmou nesta quinta (14) que o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que cumpriu pena por envolvimento com terrorismo cogita deixar o Brasil e disse que, se a decisão for essa, encerra-se a polêmica em torno da passagem dele pelo país.

Professor-visitante do Instituto de Física da UFRJ, o pesquisador franco-argelino Adlène Hicheur foi preso em 2009, na França, após ser acusado de trocar mensagens que indicariam sua participação no planejamento de atos terroristas. Após cumprir a pena, ele veio para o Brasil, onde está desde 2013.

"Eu vejo [a decisão] como muito positiva, se de fato for essa.  Acho que a gente encerra esse episódio e ele faz um gesto que eu acho que só vai fortalecer o seu processo de reconstrução profissional", disse o ministro em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira.

Segundo Mercadante, a UFRJ confirmou que Hicheur manifestou, em email a colegas, a intenção de deixar o Brasil espontaneamente. No entanto, não há informação sobre pedido oficial de desligamento do pesquisador.

Mercadante ressaltou que Hicheur é um físico "com excelente currículo profissional" e que "até o momento não há nada que o desabone do ponto de vista técnico e da competência".

O Ministério da Educação (MEC), explicou o ministro, não tem ingerência sobre este caso, que está sendo investigado pela Polícia Federal e envolve os ministérios da Justiça e o das Relações Exteriores.

 

POLÊMICA

O caso foi noticiado em reportagem da revista Época dessa semana. A revista publicou diálogos entre Hicheur e um homem que, segundo a matéria, é apontado como terrorista pelo governo francês e adotava um pseudônimo. De acordo com a publicação, na conversa, Hicheur sugere alvos para ataques, o que teria motivado sua prisão.

Em carta divulgada com o apoio do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Hicheur negou as acusações que o levaram à prisão. O pesquisador diz que a reportagem resgata "uma história velha" e se baseia em mentiras. Ele se defendeu dizendo que a investigação não sustenta o caso com fatos e evidências.

"A acusação não conseguiu apresentar nenhuma prova material para sustentar seus argumentos; não foi apresentada nenhuma prova de intenção de cometer qualquer ato; nenhum 'ato violento' preciso foi mencionado como objetivo da alegada conspiração; não foi apresentada nenhuma prova de identidade do chamado pseudônimo, apenas hipóteses mostradas como 'informação de fonte confiável", argumentou.

Na última segunda-feira (11), Mercandante disse que a entrada de Hicheur no Brasil deveria ter sido bloqueada. "Uma pessoa que teve aqueles e-mails que foram publicados e foi condenada por prática de terrorismo não nos interessa para ser professor no Brasil. Não temos nenhum interesse nesse tipo de pessoa", disse o ministro.

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