OMS teme exportação de casos de febre amarela para países do Cone Sul

OMS alertou que turistas se vacinem contra febre amarela antes de viajar para o estado de São Paulo
Estadão Conteúdo
Publicado em 17/01/2018 às 7:31
OMS alertou que turistas se vacinem contra febre amarela antes de viajar para o estado de São Paulo Foto: Foto: Reprodução


A Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a considerar todo o território de São Paulo como área de risco de febre amarela e recomendou que todos os estrangeiros que façam viagens à região estejam vacinados. A imunização deve ocorrer pelo menos dez dias antes da viagem. Há preocupação da OMS ainda com a exportação de casos para outros Estados e países do Cone Sul.

Nesta terça-feira, 16, o governo do Estado de São Paulo adiantou a campanha de vacinação, que agora terá início no dia 29. Desde julho, a maior parte dos casos da doença no País foi registrada em São Paulo. Conforme balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, houve 35 casos confirmados, com 20 mortes. Só em municípios paulistas foram 20 infecções - 11 óbitos.

De 26 de dezembro até 14 de janeiro, os registros de casos suspeitos avançaram 42% no Brasil. Na última semana de dezembro, haviam sido contabilizados 330 relatos em investigação. Na segunda-feira, 15, as notificações chegavam a 470. O número de infecções confirmadas é quase nove vezes maior, passando de 4 para 35. O registro de mortes foi de 1 para 20.

Os novos casos de febre amarela apresentam alta taxa de letalidade. Dos 35 confirmados, 20 evoluíram para o óbito. Questionado, o ministério disse que as mortes ocorreram por demora na procura dos serviços de atendimento médico.

O governo federal ainda evita falar em surto e diz que a mudança estabelecida pela OMS não altera a estratégia nacional e foi feita em consonância com as autoridades brasileiras por um "excesso de zelo". "Isso porque não se sabe a área do Estado em que esse viajante vai ficar ou transitar." São Paulo, ao lado de Bahia e Rio, vai reforçar a imunização e passar a ofertar doses fracionadas, em áreas consideradas estratégicas.

Em São Paulo, o anúncio da vacinação antecipada foi feito pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). "Ia começar no dia 3 e agora vai começar no dia 29", afirmou, em evento na capital. Segundo ele, 7 milhões de moradores serão vacinados em 54 cidades.

São Paulo recebeu nesta terça metade das doses prometidas pelo governo federal - 500 mil. A segunda leva deve chegar ainda nesta semana. "O importante é não ter pânico e correria. Toda a população será vacinada até o fim do ano", disse Alckmin.

OMS

O temor da Organização Mundial da Saúde é com o avanço da doença pela América do Sul. O governo em Buenos Aires já chegou a colocar em seu site oficial alertas sobre o risco de febre amarela para quem viajar este ano ao Brasil. "Recomenda-se especialmente a consulta a um médico para avaliar a necessidade de vacinação", diz o site do governo argentino.

Na avaliação dos técnicos da OMS, surtos no passado mostraram que a doença pode chegar com certa rapidez a novas regiões. Dois fatores estariam pesando para a proliferação da doença: a falta de imunização e um clima propício em regiões antes poupadas pela febre amarela.

A decisão de incluir todo o Estado de São Paulo na classificação de risco atende a uma estratégia para forçar a vacinação e, assim, tentar criar uma espécie de cinturão para reduzir o ritmo de proliferação.

A nova classificação de São Paulo se soma a zonas de risco de contaminação no norte do Rio, sul da Bahia, além do Espírito Santo. Tradicionalmente, os Estados do Centro-Oeste e do Norte faziam parte da classificação de risco. "Desde dezembro de 2016, o Brasil está vivendo um aumento das atividades do vírus", afirma o informe da entidade. Até junho de 2017, foram 1,6 mil casos em primatas em 21 Estados. Nesse período, houve 777 casos em humanos.

A OMS lembra que, em 9 de setembro "o governo brasileiro declarou que a temporada de atividade do vírus da febre amarela tinha acabado". Mas a doença voltaria com força depois do inverno, com 358 casos registrados em animais. Em 8 de janeiro, 687 casos estavam sob investigação em animais de 17 Estados. Outros 92 relatos adicionais em humanos se encontram sob investigação em 15 Estados e no Distrito Federal.

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